O governo da presidente Dilma Rousseff terá que dar atenção redobrada ao esporte. Durante o governo Lula,
o Brasil conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Combinações como
esta só aconteceram, até agora, em outros dois países: o México sediou as Olimpíadas em 1968 e a Copa em
1970, e os Estados Unidos tiveram a Copa em 1994 e as Olimpíadas em 1996.
A força midiática desses torneios, no entanto, nunca teve tanto impacto. Hoje, o retorno comercial e estrutural é
muito grande, o que aumenta as responsabilidades do país realizador. Como o Brasil está em um período de forte
desenvolvimento econômico, o grande desafio do novo governo será a criação de oportunidades para que o
esporte brasileiro seja beneficiado por todas essas circunstâncias.
Caso não seja reeleita, Dilma não será a responsável direta pelas Olimpíadas de 2016, mas é imprescindível
que as preparações comecem desde já. Para Luiz Léo, professor do Departamento de Comunicação Social da
PUC-Rio e agente de jogadores de futebol, a importância de eventos como esses deve ser supra-partidária,
pois trata-se do interesse de todos para o crescimento nacional.
– Esses eventos independem de que modelo partidário se compartilha. Eles são do Estado e da sociedade
brasileira e é claro que todos vão querer fazer da melhor forma para promover o país. É fundamental saber
que foi feito um grande esforço para que esses acontecimentos pudessem ser sediados pelo nosso país,
e esta é uma forma de investir no esporte e na nação. O uso da verba para o esporte deve ser gerenciado
com competência e fiscalizado. O grande desafio do governo será aproveitar esse momento e conduzir o
Brasil a obter resultados maiores e melhores – afirmou Luiz Leo.
Para o professor, só o fato de estar mais perto das competições aguça a curiosidade e o interesse do povo por
modalidades diferentes, podendo surgir, assim, novos atletas e profissionais. A proximidade dos campeonatos vai
difundir o esporte no Brasil e ajudar a criar estruturas, tanto físicas quanto de treinamento para gerações futuras,
além de acelerar o processo de formação de atletas.
– O necessário para a formação e a captação de atletas já está sendo feito. Acredito que seja preciso estimular
a prática de esportes e, assim, vão surgindo atletas mais capacitados e bem preparados – opinou o professor.
O Brasil enfrentará desafios estruturais para a realização da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A criação
de arenas, as reformas nos estádios de futebol, a reorganização do transporte público, a preservação do meio
ambiente e o controle da violência nas cidades, principalmente no Rio de Janeiro, são os pontos mais importantes
nessa área. Somente para realizar as Olimpíadas, estima-se que os governos e a iniciativa privada tenham que
investir cerca de R$ 5 bilhões apenas em transporte público. A conta incluirá, também, a despoluição do complexo
lagunar da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, que, como nos Jogos Pan-Americanos, acolherá as competições.
Projetos de base para alavancar resultados no futuro
A jogadora de pólo aquático do Flamengo e da seleção brasileira
Carolina Mello, de 22 anos, afirma que houve mudanças com a
criação de novas leis de incentivo junto ao Bolsa-Atleta – programa
criado no governo FHC que visa auxiliar o custo de treinamento –,
mas que ainda não é o suficiente para um desenvolvimento ideal.
– Acho que, durante o governo Lula, já houve uma melhora na
questão dos incentivos aos atletas que fazem parte das seleções
das modalidades olímpicas, mas infelizmente os recursos ainda
não são suficientes em alguns casos. No pólo aquático, por exemplo,
muitos clubes têm dificuldade de manter suas equipes por longos
períodos. Deve-se pensar numa forma desse apoio chegar a
mais atletas, alé dos já beneficiados – disse Carolina.
Carolina ainda reconhece a preocupação dos clubes em como usar o dinheiro para aprimorar os treinamentos.
É evidente a necessidade de um projeto que melhore a renda dos atletas em formação e crie alternativas
para que mais pessoas tenham esse auxílio e possam competir com os esportistas de outros países.
– O que temos hoje já é melhor do que nada. Com a mudança na lei, a partir do ano que vem, a verba que
recebemos para usar nos treinamentos e na preparação vai aumentar – concluiu a esportista.