Que orgulho destas novas gerações ! Ao mostrar
para o mundo, sem os velhos chavões, que somos muito mais do que um lugar de belas
praias, bundas desnudas, cerveja, carnaval e futebol (em que, aliás, já fomos
os tais) deixaram claro que não estão para brincadeira. E que se dane a Copa
das Confederações ! Da FIFA e não do Brasil, a propósito. O jogo da hora é
outro. Perfect timing. Nada mais
constrangedor para vetustos dirigentes (quando não de idade, de espírito) do
que as lições de cidadania deixada pelos mais jovens, pelas ruas do país.
Existem desvios ? É lógico. Em movimentos
espontâneos e descentralizados, não há como evitar os excessos e muito menos as
exceções. Pontos fora da curva existem de toda sorte, em qualquer contexto. Mas,
impressiona a capacidade das enormes multidões reunidas em não perder o foco da
sua verdadeira demanda: o clamor cívico, pacífico, democrático e legítimo por
mudanças. Sobretudo na lógica de representatividade institucional. O problema
vai além do local e ultrapassa as fronteiras de Estados, das mais variadas inclinações.
Chegou a vez do Brasil ? Tudo leva a crer
que sim. Uma espécie de sopro da esperança incontida, misturado com o destemor
típico da juventude parece conquistar, de pouco em pouco, os corações e mentes
de uma população inteira. Nem mesmo as tentativas de deslegitimar as ações, em
grande medida pelos atores políticos, acompanhados em uníssono por uma mídia
hegemônica, oportunista e sorrateira surtiram efeito. Para muitos, o sentimento
é o de um despertar de uma letargia dominante. Perceber que, ao redor, as
distensões sociais são por demais evidentes, para continuarem a ser ignoradas.
O mais fascinante de tudo é que não existem
lideranças aparentes. O movimento traduz um exercício político, mas apartidário.
Articulado nas redes, mas consumado nas ruas. Carente de uma bandeira definida,
porém, expressando insatisfações latentes. Processa-se à margem dos poderes
constituídos, no entanto -sem deixar de apontar para suas contradições-
reconhece sua legitimidade institucional e indispensabilidade. Tem mais corpo
do que voz, muito embora representados por massas disformes e palavras de ordem
potentes e articuladas. Comporta pouco ineditismo, mas ao mesmo tempo é
atualíssimo, já que sintonizado com as vanguardas mais atuantes de Nova York ao
Cairo. É singular, sem deixar de ser plural.
Não há dúvida de que estamos diante de momento
especial. Talvez, menos importante agora seja projetar para onde esta onda
poderá nos levar, enquanto nação. A marca indelével que deverá ficar, para as
novas gerações, é esta consciência cidadã, que nos energiza e impulsiona, por
revelar o quanto é possível fazermos, quando nos unimos verdadeiramente. O
caminho é longo e os obstáculos são inevitáveis. Por sorte, já ali, bem
pertinho, temos uma boa e oportuna “parada”para nos reencontrarmos: 2014, não o
ano da Copa, mas das eleições. Nas urnas, boto fé, nessa gente bronzeada (ou não),
mostrar seu valor...