sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Universíade 2015: de novo, Brasil ?


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Publicado em: tanojogo.com/colunistas


O Brasil encerrou sua participação nos XXVIII jogos mundiais universitários de verão, realizados em Gwangju, na Coréia do Sul, de 3 a 14 de julho, em um modesto 23° lugar, com apenas 8 medalhas -dois ouros, duas pratas e quatro bronzes.

Só não é o pior resultado do Brasil, por conta da fatídica participação na edição XVIII dos jogos, realizada em Buffalo, EUA, em junho de 1993, quando a delegação brasileira retornou com uma única medalha de prata, terminando em 31°.

Com exceção da III edição dos jogos de verão, de 1963, realizados em Porto Alegre, na única vez que o Brasil foi anfitrião das disputas (8° colocado, com dois ouros e nove bronzes), jamais conseguimos ficar entre os dez primeiros.

A trajetória histórica das delegações brasileiras formadas por atletas-universitários nos jogos mundiais é marcada por uma impressionante fragilidade. Das 28 edições dos jogos, o Brasil não compareceu a 5: Turim, 1959; Sofia, 1961; Budapeste, 1965, Turim, 1970 e Roma, 1975. Em todas as demais, figurou no pelotão intermediário de nações, entre as 20 ou 30 primeiras.

As explicações para este quadro são variadas, mas quase sempre decorrentes da falta de uma política esportiva adequada, que permitisse o país almejar maiores conquistas. Nem a mudança de cenário, nos anos 2000, que vinculou a Confederação Brasileira do Desporto Universitário ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e trouxe mais incentivos à área, pelo Ministério do Esporte, fez efeito.

Em Pequim (2001), o Brasil terminou em 14° (dois ouros, três pratas e dois bronzes); em Daegu (Coréia do Sul, 2003), 22° (um ouro, duas pratas, oito bronzes); Esmirna (Turquia, 2005), 13° (quatro ouros, duas pratas, nove bronzes); em Bangkok (Tailândia, 2007), 29° (um ouro, três pratas, seis bronzes); em Belgrado (Sérvia, 2009), 25° (dois ouros, duas pratas, dois bronzes); em Shenzen (China, 2011), 23° (dois ouros, quatro pratas, 12 bronzes); e, em Kazan (Rússia, 2013), 17° (quatro ouros, três pratas, quatro bronzes).

Da edição de 2015 participaram 203 alunos-atletas brasileiros (entre quase 12 mil universitários de outros países). Eles tomaram parte em 19 das 21 modalidades disputadas (futebol, voleibol, ginástica artística, ginástica rítmica, natação, judô, tênis, tênis de mesa, esgrima, pólo aquático, saltos ornamentais, atletismo, basquete, arco e flecha, badminton, baseball, golfe, remo, tiro ao alvo, taekwondo e handebol). Nem 5% obtiveram algum êxito...

Claro que existem explicações: principalmente, a coincidência da disputa com os jogos Panamericanos de Toronto, realizados no mesmo período, o que desfalcou a delegação brasileira universitária de alguns de seus destaques. Porém, a baixa performance do Brasil no segundo maior evento poliesportivo do mundo está em descompasso com o projeto do Estado, de transformação do pais em potência esportiva.

Enquanto no Pan o Brasil levou sua maior delegação (509 atletas), obtendo 141 medalhas (41 ouros, 40 pratas e 60 bronzes) e terminando na terceira colocação (atrás de EUA e Canadá, a frente de Cuba), na Universíade, fracassamos. Os R$ 10 milhões investidos pelo COB na missão brasileira no Pan explicam em grande parte o sucesso de uma empreitada, construída com raro primor estratégico.


Mas, os investimentos não podem ficar concentrados apenas no topo. Afinal, se não há mudanças na base (isto é, na massa de praticantes de esporte brasileiros, sobretudo entre os jovens que freqüentam o ambiente escolar), a sustentação do alto rendimento, entre a elite, mais cedo ou mais tarde estará fadada ao fracasso.