segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Jô "Il mano dos loucos"


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O episódio esportivo do final de semana tupiniquim, Jô “Il mano dos loucos”, deveria levar a uma reflexão sobre o Brasil. O ato ilícito, condenável e vergonhoso do atleta corintiano revela muito do que somos como sociedade. No magro placar da peleja, caberia uma Alemanha inteira de vergonha. Só é bom lembrar que o jogo sujo, na relva, não nasceu pelas mãos de Jô. Somos rápidos em esquecer os fatos, mas a realidade é que os ex dirigentes da entidade que comanda o futebol brazuca continuam presos ou procurados por aí, enquanto seus sucessores não arriscam sequer uma ponte aérea.

São personagens “menores”, de um enredo nebuloso, que envolve corrupção, nepotismo, apropriação indébita, falcatrua, numa lista interminável de crimes que avança como bola de “neve” (embora a “pasta branca” também faça parte do rol dos investigados). Na marca do cal, a elite dirigencial brasileira – entre agentes públicos e privados. Em todos os níveis somam-se escândalos e denúncias envolvendo o uso arbitrário do poder para a obtenção de vantagens indevidas. E, neste jogo, ninguém xinga os juízes. Aliás, alguns dos togados são até vistos como heróis! De verde amarelo.

Bons tempos aqueles em que os ídolos calçavam chuteiras – e não faziam beicinho quando eram contrariados. Hoje, quem joga com a dez é o Messias (quiça, "agora vai!", do Juízo Final) – que por não fazer chover gols, se arranja com as promessas dos caminhos das Minas para o mar. Legítimo cabeça de bagre no jogo de corpo (e do espírito) é craque na catimba e na malandragem a serviço da ignorância alheia. A única tática que entende, "jogador ruim", é o ódio e a violência. E, pernas de pau, estão sempre prontos para pular o alambrado e resolver tudo na mão – olha ela aí!

João Alves de Assis Silva, o nome do “mão boba” da vez é só mais um dentre nós, que julgamos ser possível, na mão grande, levar uma vantagenzinha qualquer – quem nunca ? Da furada de fila, ao estacionamento em vaga proibida, à ocupação do assento preferencial nos transportes públicos, vamos deixando nossas impressões digitais por aí. Dado ser implausível a transmissão de tais pequenos delitos em cadeia nacional, seguimos em frente, espinha ereta, coração tranquilo e a mente delinquente, sem um pingo de arrependimento, as faces bronzeadas trabalhadas no óleo de peroba.

Em um país que passou a viver um escândalo por dia ficamos indignados mesmo é com o jogador pé de chinelo que “maradonou”, sem esconder o sorriso alvo dos dentes. Vergonha com esconderijos abarrotados de dinheiro vivo, nenhuma. Constrangimento com presidentes acusados formalmente de roubo, nem pensar. Senador que manda matar, também se tolera – é só o primo, né ? “La famiglia il tutti buona gente”. E de 7x1 em 7x1 segue la pelota. O 1x0 mirrado, sofrido e roubado, de domingo, na Arena de Itaquera é a síndrome da nossa quinta divisão pátria. Com direito a pentacampeonato...