quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Entrevista: Revista Eclética - Dezembro de 2011




http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/media/ecletica33_meia_hora.pdf
ou
http://www.slideshare.net/luiz-leo/entrevista-revista-ecltica-n-33-dez11


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Por que os cariocas estão de bola cheia no Brasileiro



Jorge Neto - Do Portal
24/10/2011


Arte: Eduardo de Holanda
Nunca antes na história do Brasileiro dos pontos corridos, os quatro grandes do Rio ficaram tão próximos na luta pelo título. A sete rodadas do fim, o mais perto do céu é o líder Vasco, campeão da Copa do Brasil, vaga já garantida na Libertadores do próximo ano. Soma 57 pontos, dois a mais do que o Corinthians. O Botafogo, apesar da derrota para o Avaí (3 a 2) no sábado, mantém-se em terceiro, com 52, mesma pontuação do Flamengo. O Fluminense, outro que perdeu na rodada (2 a 0 para o Atlético-MG), também teve ferimentos leves: segue em quinto, à frente de São Paulo e Internacional. Enquanto os matemáticos refazem as chances de título — 52%, 8%, 4% e 2%, respectivamente, contra 33% do vice-líder paulistano —, os torcedores testam a fé na reta final do campeonato e os analistas discutem as razões desse "fenômeno".
Alguns consideram que a hegenomia paulista nos últimos anos, especialmente do São Paulo, começou a ser rompida em 2009, com a surpreendente arracanda do Flamengo de Andrade rumo ao sexto título brasileiro. No ano passado, o Fluminense de Muricy Ramalho repetiu a dose. Para Kleber Leite, ex-vice-presidente do Flamengo, o êxito indica melhor preparação dos times cariocas:
— A partir de 2005, o Flamengo deixou de brigar para não cair e começou a conquistar títulos. Isso em função de uma série de situações internas, sempre com muitos problemas, mas com gente competente em todas as áreas. Agora, a mesma coisa aconteceu dentro dos outros clubes.
O jornalista Eduardo Tironi, editor do diário esportivo "Lance!", percebe um progresso na gestão dos clubes cariocas. Segundo ele, Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo estão mais organizados e alinhados ao modelo de pontos corridos iniciado há oito anos:
— Os clubes estão com administrações mais profissionais. Alguns já têm CTs (centros de treinamento), os salários não atrasam mais. O profissionalismo está chegando ao Rio de Janeiro, e isso se reflete no desempenho.
O professor de Marketing Esportivo da PUC-Rio, Luiz Léo, tira o cartão amarelo. O especialista não reconhece evolução admistrativa e acha “surreal” os quatro disputarem o título:
— Eles vão contra a lógica — avalia — As gestões são amadoras e sem infraestrutura. A ascensão pode ser explicada pelo colapso de administrações tradicionais dos clubes do Sul, de Minas e de São Paulo, à excelção do Corinthians, que está bem, e o Santos, que está focado em outra competição (o Mundial de Clubes da Fifa, no fim do ano).
Tironi também identifica um declínio em gestões de clubes mineiros, ameaçados de rebaixamento, mas exclui desse declínio os grandes times paulistas. Na opinião do jornalista, observa-se a consolidação de uma hegemonia de Rio e São Paulo, proporcional às maiores concentrações de torcidas, de renda e de investimentos no futebol.
— Os clubes mineiros sofrem muito sem o Mineirão — acrescenta Tironi — Mas só estamos atentos à crise neste ano porque todos estão muito mal. A exceção é o Cruzeiro, porque o Atlético, em quase todos os anos, briga para não cair. E o América, quando sobe, desce novamente com rapidez.
Para Kléber Leite, a recuparação conjunta dos times do Rio é uma "coincidência cronológica" que resulta dos trabalhos desenvolvidos fora de campo:
— O Maurício Assumpção (presidente do Botafogo) deixou o marketing do clube muito ativo, além de ter uma sensibilidade incrível na montagem dos times. O Roberto Dinamite e o José Hamilton Mandarino, no Vasco, contrataram pessoas que ajudassem no desenvolvimento do futebol. E o Fluminense, apesar de criticado por alguns, tem uma parceria esportivamente vencedora. Esses fatores fizeram com que os times voltassem a sonhar com títulos.
Alheios a explicações e números, torcedores orgulham-se do rendimento carioca na competição. Muitos deles, como o botafoguense Felippe Rocha, escalam a prudência ao projetar o capítulo final:
— Nunca houve tamanho equilíbrio na parte de cima da tabela. Ficar naquela adrenalina, na expectativa, estimulando a rivalidade é bom. Infelizmente, não acho que meu Botafogo ganhe. Apostaria no Corinthians, que tem a tabela mais fácil — analisa o aluno do terceiro período de Comunicação Social da PUC-Rio.
A também estudante de Comunicação Mariana Brandariz, torcedora do Flamengo, concorda que o favorito ao título seja o Corinthians. Mais do que isso, ela acredita que o momento dos cariocas é “enganoso”:
— As pessoas olham essa fase, mais o fato de cariocas terem vencido os dois últimos Brasileiros, e pensam: "Isso é uma prova de como o futebol do Rio está se reorganizando". Pode ser um pensamento válido, mas não é verdadeiro. Os quatro grandes do Rio continuam desorganizados e sem boas diretorias — opina.
Aluno da PUC-Rio, o corintiano Yuri Musser confia que, no fim do campeonato, vai levar a melhor sobre os colegas que torcem pelos cariocas. Para o universitário, a qualidade dos adversários nas sete últimas rodadas fará a diferença:
— Apesar dos quatro grandes do Rio estarem na disputa, o Corinthians vai ganhar. Jogará contra contra times de menor expressão — argumenta.
Desde o dia 29 de agosto, a PUC-Rio dá uma força para os times cariocas. As bandeiras de Botafogo, Vasco, Flamengo e Fluminense estão hasteadas, em frente à entrada da Marquês de São Vicente, onde ficarão até o fim do campeonato. Mais informações em http://puc-riodigital.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=10648&sid=16.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

'Carrasco/Mamata': ranking válido ou piada rancorosa?




Igor de Carvalho e Monalisa Marques - Do Portal
09/09/2011



Arte: Monalisa Marques

Criado nas férias de julho, o aplicativo para Facebook Carrasco/Mamata virou assunto na rede e nos corredores das faculdades ao lançar um banco de dados colaborativo sobre os professores de nível superior. Com a frase de apelo “Vocês (alunos) estão criando a maior base de avaliação de professores do Brasil”, o site, inspirado no americano Rate My Professor e desenvolvido por dois alunos de engenharia da PUC e um da UFRJ, propõe que universitários classifiquem seus mestres em uma das duas categorias. Há dois meses no ar, o site bateu a marca de  30 mil usuários, sendo 10 mil deles nas primeiras 24 horas, e de 32 mil professores e disciplinas cadastrados, de 700 universidades brasileiras. UFRJ e PUC-Rio, instituições onde estudam os criadores do site e avaliadas pelo Enade e pelo Guia do Estudante entre as melhores do país, concentram o maior número de votos – 4.759 e 2.092, respectivamente, na última contagem, no fim de agosto. Embora alunos aleguem usá-lo apenas como diversão e os criadores neguem a intenção de fazer análises profundas sobre educação, o aplicativo faz pensar.
A primeira questão é a dissonância quanto às categorias e seu significado. Um dos idealizadores, Rafael Dahis, aluno de Engenharia da Computação da UFRJ, alega que a escolha foi natural e motivada por expressões já consagradas entre o público-alvo do site:
– Escolhemos os nomes carrasco e mamata porque conhecemos o universo dos alunos de faculdades, e entendemos que os dois adjetivos já fazem parte do vocabulário dos jovens.
Mas, quando se pergunta aos estudantes “O que é carrasco e mamata?”, as respostas são as mais variadas, evidenciando o grau de subjetividade dos nomes escolhidos. Aluno de Engenharia de Controle e Automação da UFRJ, Leonardo Machado atesta:
– É subjetivo. Para mim, carrasco é aquele que tem didática ruim ou um sotaque que ninguém entende, por exemplo. E mamata é o professor que explica bem e tem um sistema lógico de cobrança.
Fosse esta a única interpretação possível dos conceitos, a questão estaria resolvida. Mas grande parte dos alunos ouvidos pelo Portal não pensa na didática ao classificar um professor em uma das duas categorias. Danilo José, de 23 anos, aluno de jornalismo da PUC-Rio, diz encarar o site apenas como diversão, mas considera que também pode ser usado para consulta:
– Se a matéria não interessar e você quiser passar por ela sem dificuldades, você escolhe um professor mamata. Se quiser aprender mesmo, escolhe um carrasco.
Thais Petry, aluna do 4° período de publicidade na PUC-Rio, entrou no site para verificar a avaliação dos docentes que tinha escolhido e também para votar nos seus antigos professores, mesmo após ter feito sua grade para este semestre:
– Achei a proposta do site bacana. Alguns acham que é só brincadeira, mas acredito realmente que possa ser uma ferramenta bastante útil para os alunos.
Já o aluno de economia da UFRJ Mateus Tavares, 20 anos, conta que votou, mas afirma que não utilizou o site como ferramenta de consulta para escolher professores:
– O site só diz se é facil ou difícil de passar na matéria, mas não se o professor é bom ou ruim, se ensina bem ou não. 
Lucas Terra
 Lucas Terra
Os criadores do Carrasco/Mamata dizem que a escolha dos nomes não teve intenção pejorativa, alegando que muitos professores não só aceitaram bem a brincadeira como se mostraram favoráveis à criação de mais um canal de feedback das suas técnicas de ensino. Não é o caso de Sergio Mota, do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio. Usuário assíduo de redes sociais, com boa parte de seus contatos composta por ex-alunos, costuma ser bem-humorado em seus comentários no Facebook. Mas enxerga o aplicativo como uma ideia de mau gosto, pelas terminologias escolhidas. Na sua opinião, oferecer apenas duas opções de voto cria uma visão maniqueísta, polarizada entre bom ou mau.
– Além de não ter a menor utilidade, o site só corrobora com o estado deplorável em que a educação se encontra hoje no país. Não é um problema só do professor ou das instituições, mas também dos alunos – afirma Mota, avaliado como “carrasco” em 12 dos 17 votos que obteve no site, alcançando o percentual de 71%.
Doutora em Psicologia Social e ex-coordenadora de Graduação do Departamento de Comunicação Social, função que inclui atender alunos com queixas sobre o curso, a professora Sandra Korman, acrescenta:
– É como se transitássemos da impotência (mamata) para a prepotência (carrasco), enquanto a realidade nos mostra que ninguém é completamente bom ou mau. Reforça a ideia de professores contra alunos, afetando uma relação que deveria ser de vínculo e conhecimento.
Sandra lembra que o aluno que vota o faz motivado por alguma insatisfação. No entanto, ao invés de adotar uma posição crítica diante do problema, o estudante não se coloca como sujeito, depositando no outro (no caso, o professor) suas responsabilidades.
A coordenadora central de Graduação da PUC-Rio, Daniela Trejos Vargas, acredita que o site é válido como espelho da percepção dos estudantes sobre os docentes.
– O que é julgado é o grau de rigor dos professores. Não acredito que nenhum deles vá modificar seu método de avaliação exclusivamente por conta da sua média no Carrasco/Mamata – diz Daniela, que vê como positiva a iniciativa, por refletir a criatividade dos alunos: – Este aplicativo não deixa de ser uma publicidade gratuita para as universidades onde estudam seus criadores.
Criado nas férias de julho, o aplicativo para Facebook Carrasco/Mamata virou assunto na rede e nos corredores das faculdades ao lançar um banco de dados colaborativo sobre os professores de nível superior. Com a frase de apelo “Vocês (alunos) estão criando a maior base de avaliação de professores do Brasil”, o site, inspirado no americano Rate My Professor e desenvolvido por dois alunos de engenharia da PUC e um da UFRJ, propõe que universitários classifiquem seus mestres em uma das duas categorias. Há dois meses no ar, o site bateu a marca de  30 mil usuários, sendo 10 mil deles nas primeiras 24 horas, e de 32 mil professores e disciplinas cadastrados, de 700 universidades brasileiras. UFRJ e PUC-Rio, instituições onde estudam os criadores do site e avaliadas pelo Enade e pelo Guia do Estudante entre as melhores do país, concentram o maior número de votos – 4.759 e 2.092, respectivamente, na última contagem, no fim de agosto. Embora alunos aleguem usá-lo apenas como diversão e os criadores neguem a intenção de fazer análises profundas sobre educação, o aplicativo faz pensar.
A primeira questão é a dissonância quanto às categorias e seu significado. Um dos idealizadores, Rafael Dahis, aluno de Engenharia da Computação da UFRJ, alega que a escolha foi natural e motivada por expressões já consagradas entre o público-alvo do site:
– Escolhemos os nomes carrasco e mamata porque conhecemos o universo dos alunos de faculdades, e entendemos que os dois adjetivos já fazem parte do vocabulário dos jovens.
Mas, quando se pergunta aos estudantes “O que é carrasco e mamata?”, as respostas são as mais variadas, evidenciando o grau de subjetividade dos nomes escolhidos. Aluno de Engenharia de Controle e Automação da UFRJ, Leonardo Machado atesta:
– É subjetivo. Para mim, carrasco é aquele que tem didática ruim ou um sotaque que ninguém entende, por exemplo. E mamata é o professor que explica bem e tem um sistema lógico de cobrança.
Fosse esta a única interpretação possível dos conceitos, a questão estaria resolvida. Mas grande parte dos alunos ouvidos pelo Portal não pensa na didática ao classificar um professor em uma das duas categorias. Danilo José, de 23 anos, aluno de jornalismo da PUC-Rio, diz encarar o site apenas como diversão, mas considera que também pode ser usado para consulta:
– Se a matéria não interessar e você quiser passar por ela sem dificuldades, você escolhe um professor mamata. Se quiser aprender mesmo, escolhe um carrasco.
Thais Petry, aluna do 4° período de publicidade na PUC-Rio, entrou no site para verificar a avaliação dos docentes que tinha escolhido e também para votar nos seus antigos professores, mesmo após ter feito sua grade para este semestre:
– Achei a proposta do site bacana. Alguns acham que é só brincadeira, mas acredito realmente que possa ser uma ferramenta bastante útil para os alunos.
Já o aluno de economia da UFRJ Mateus Tavares, 20 anos, conta que votou, mas afirma que não utilizou o site como ferramenta de consulta para escolher professores:
– O site só diz se é facil ou difícil de passar na matéria, mas não se o professor é bom ou ruim, se ensina bem ou não.
CONHEÇA O SITE
30 mil usuárioscadastrados, 10 mil nas primeiras 24 horas
32 mil professores e disciplinas cadastradas (um professor pode aparecer mais de uma vez no banco de dados, em disciplinas diferentes)
700 universidades
250 mil páginas abertas por usuários

Lucas Terra
 Lucas Terra
Os criadores do Carrasco/Mamata dizem que a escolha dos nomes não teve intenção pejorativa, alegando que muitos professores não só aceitaram bem a brincadeira como se mostraram favoráveis à criação de mais um canal de feedback das suas técnicas de ensino. Não é o caso de Sergio Mota, do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio. Usuário assíduo de redes sociais, com boa parte de seus contatos composta por ex-alunos, costuma ser bem-humorado em seus comentários no Facebook. Mas enxerga o aplicativo como uma ideia de mau gosto, pelas terminologias escolhidas. Na sua opinião, oferecer apenas duas opções de voto cria uma visão maniqueísta, polarizada entre bom ou mau.
– Além de não ter a menor utilidade, o site só corrobora com o estado deplorável em que a educação se encontra hoje no país. Não é um problema só do professor ou das instituições, mas também dos alunos – afirma Mota, avaliado como “carrasco” em 12 dos 17 votos que obteve no site, alcançando o percentual de 71%.
Doutora em Psicologia Social e ex-coordenadora de Graduação do Departamento de Comunicação Social, função que inclui atender alunos com queixas sobre o curso, a professora Sandra Korman, acrescenta:
– É como se transitássemos da impotência (mamata) para a prepotência (carrasco), enquanto a realidade nos mostra que ninguém é completamente bom ou mau. Reforça a ideia de professores contra alunos, afetando uma relação que deveria ser de vínculo e conhecimento.
Sandra lembra que o aluno que vota o faz motivado por alguma insatisfação. No entanto, ao invés de adotar uma posição crítica diante do problema, o estudante não se coloca como sujeito, depositando no outro (no caso, o professor) suas responsabilidades.
A coordenadora central de Graduação da PUC-Rio, Daniela Trejos Vargas, acredita que o site é válido como espelho da percepção dos estudantes sobre os docentes.
– O que é julgado é o grau de rigor dos professores. Não acredito que nenhum deles vá modificar seu método de avaliação exclusivamente por conta da sua média no Carrasco/Mamata – diz Daniela, que vê como positiva a iniciativa, por refletir a criatividade dos alunos: – Este aplicativo não deixa de ser uma publicidade gratuita para as universidades onde estudam seus criadores.
DEZ UNIVERSIDADES COM MAIS VOTOS1º UFRJ
2º PUC-RIO
3º UFF
4º UERJ
5º UFRRJ
6º UNIRIO
7º IBMEC-RJ
8º USP
9º UCAM
10º UFPE

O diretor do Departamento de Comunicação Social, professor Cesar Romero Jacob, destaca que os usuários do site são majoritariamente alunos de escolas bem-avaliadas nos rankings do Enade e do Guia do Estudante. Para o cientista político, isso pode ser um sinal de que os estudantes não confiam nos meios institucionais de avaliação do corpo docente.
– A brincadeira tem origem no fato de o aluno não confiar nos sistemas já existentes. Só faz sentido esse tipo de iniciativa se a escola é bem conceituada. Caso contrário, o aluno não vai querer entrar nessa brincadeira, porque desmoralizaria ainda mais a escola mal conceituada. O aluno precisa saber que tipo de universidade quer – afirma.
Romero Jacob conta que, após todo o processo de atualização de equipamentos e laboratórios realizados nos últimos anos, uma das metas para o próximo período do departamento é o de ampliar a qualidade do curso. Segundo ele, o site também pode ser considerado como fonte de informação para essa nova etapa do curso de Comunicação Social.
– O departamento, em dez anos, teve um aumento de mil alunos; passou de 1.200 em 2001 para 2.200 em 2011. Esse site é outra informação que observaremos em relação aos professores que estão sendo classificados como carrasco ou mamata – afirmou, ponderando que é preciso relativizar o poder da internet, onde se pode atacar anonimamente, num clique, uma imagem profissional que demorou anos para se criada: – Um profissional não pode ser desmoralizado por causa de um ressentimento, uma mágoa, uma nota baixa.
Avaliar professores não é novidade. Sempre houve rodas de discussões, seja em comunidades nas redes sociais ou em conversas informais no dia a dia. Ao final de cada semestre, os veteranos viram consultores dos calouros e indicam quais são os melhores professores de cada matéria. É um movimento saudável tanto para os alunos quanto para a instituição, que pode acompanhar (e cobrar) o rendimento de seus docentes.
A avaliação interna da PUC-Rio é exemplo disso. Desde 1991, os alunos são convidados a votar, com notas de 1 a 5, nos professores com os quais tiveram aula durante o semestre  (veja as médias desde 2007). São levados em conta quesitos como a assiduidade e compatibilidade das provas ou trabalhos.
Presidente da comissão própria de avaliação e coordenador Central de Planejamento e Avaliação, Luiz Alencar Reis da Silva Mello explica:
– Desde o início, o percentual de alunos que avaliam aumentou de 20% para 65%, o que corresponde a cerca de 8.500 estudantes. Nossa avaliação é muito mais ampla que a desse site, que informa apenas se os alunos acham fácil ou difícil passar na disciplina com o professor, e não tem qualquer controle sobre se os alunos que votam em determinado professor tiveram mesmo aula com ele.
Esta é outra questão a respeito dos dados. Pesquisador e professor de metodologia de pesquisa do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, José Eudes Araujo Alencar explica que a amostragem alcançada pelo site não tem validade estatística:
– Para ser sério, seria imprescindível a definição de uma amostra tecnicamente compatível com o
Arte de Monalisa Marques sobre foto de divulgação
 Arte de Monalisa Marques sobre foto de divulgação
universo da PUC. Um grupo de 300 alunos, de todos os cursos e todos os níveis sociais, por exemplo. Além disso, qualquer pessoa pode votar, mesmo não sendo aluno.
O professor José Eudes ainda faz uma provocação:
– Imagine se os professores criassem um site classificando os alunos, chamado Bestas ou Bestiais?
Sergio Mota comenta ainda o slogan do aplicativo, “Descubra o que realmente importa sobre o seu professor”.
– Ele reforça o estereótipo do aluno que não está interessado em aprender, mas em ter uma visão pronta e imediata de um professor – critica Mota, lembrando que os conceitos sequer são antônimos. Um “carrasco” é tão ruim quanto um “mamata”, que não cobra nada do aluno em aulas pouco proveitosas.
Na visão do jornalista e professor Arthur Ituassu, o site “toca o alarme” para se definir a função da universidade hoje: “É só ter um diploma e conseguir um emprego, que é uma ideia ruim; ou crescer intelectualmente, ter participação na sociedade, trocar experiências”. Para ele, o aplicativo produz uma forma de interatividade na internet que ele chama de “cérebro de passarinho”, por limitar o raciocínio das pessoas e reproduzir dicotomias simplistas – um problema muitas vezes presente na comunicação, principalmente na internet.
– É algo muito superficial, que trabalha em dois polos muito poucos coerentes – diz o professor, que não vê como a classificação sugerida pelo site possa ser levada a sério: – O aluno que construir sua carreira acadêmica baseado nisso estará sendo equivocado.
Mas a intenção dos criadores foi fazer algo “sério”? Igor Blumberg, aluno de Engenharia da Computação na PUC-Rio, diz que a pretensão é tornar o site algo grandioso, com novas opções de voto e funções. Eles querem um site que seja “a cara do estudante carioca”. Quanto a isso, o professor de mídias globais Luiz Leo julga válida a iniciativa, na medida em que um espaço livre de critérios institucionais pode funcionar sem as pressões e o constrangimento naturais de um processo tradicional de avaliação:
– Entendo essa proposta como altamente saudável. É pautada na própria linguagem, formatos e expectativas dos alunos. Mas o formato escolhido para a ferramenta é reflexo de outras experiências em rede, marcadas pela superficialidade, pelo imediatismo e pela banalização – diz o professor. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Bandeiras na PUC reforçam a fé em um campeão carioca




Eduardo de Holanda - Do Portal
08/09/2011


Eduardo de Holanda
Desde segunda-feira passada a PUC dá uma força para os times cariocas no Brasileirão. As bandeiras de Botafogo, Vasco, Flamengo e Fluminense ficarão hasteadas, em frente à entrada da Marquês de São Vicente, até o fim do canpeonato, atitude "simpática" de acordo com Luiz Léo, Professor de Marketing Esportivo da PUC-Rio, "Não é nada que vá mudar a opinião de um torcedor, mas é um jeito legal de demonstrar apoio"
Os quatro grandes estão entre os seis primeiros, com São Paulo e Corinthians, e animam o otimismo em torno do terceiro título seguido do Rio (Flamengo foi campeão em 2009 e o Fluminense, no ano passado). Os corredores da universidade transbordam um orgulho como há muito não se via. Para a maior parte dos torcedores ouvidos pelo Portal, não haverá cavalo paraguaio. Estudantes, professores e funcionários confiam que os cariocas brigarão pelo título, ou por vaga na Libertadores, até as rodadas finais.
– Isso é consequência da reestruturação que está sendo feita nos times cariocas – avalia Breno Bastos, aluno do 4º período de comunicação. Opinião compartilhada por Luiz:
–Ainda existe um modelo amador coexistindo com o modelo profissional, onde a assessoria é composta por especialistas. Apesar dos presidentes dos clubes do rio serem uma nadadora, um dentista e dois deputados, eles são ajudados por uma equipe de profissionais experientes.
Torcedor do Flamengo, o estudante reconhece que o Botafogo vive a melhor fase, com um "futebol bonito", e tem chances signicativas de quebrar o jejum que se arrasta desde 1995, quando Túlio e seus colegas bateram o Santos na decisão. Para Breno, os títulos de Flamengo e Fluminense e o ótimo rendimento dos cariocas no Brasileiro deste ano representam uma mudança na hegemonia recente do futebol nacional:
– A fama que os times paulistas têm de vencer o Brasileirão está mudando.
Com a vitória do Fluminense sobre o Corinthians (1 a 0), na quarta-feira à noite, a equipe tricolor passou o Flamengo e ficou entre os cinco primeiros, a seis pontos do líder Corinthians. O Botafogo de Elkson, Renato e Loco Abreu, mesmo após a goleada sofrida (0 a 5 contra o Coritiba, no Couto Pereira), está a tres pontos do líder. Como tem um jogo a menos, a liderança é um sonho ainda mais próximo. Vasco, mesmo após o empate com o Figueirense (1 a 1), subiu para o segundo lugar. Flamengo tenta recuperar os melhores dias para manter a trajetória rumo à disputa do título. Sobra, assim, matéria-prima para as mesas redondas improvisadas nos pilotis e nos elevadores, por exemplo.
Famoso pelos comentários sobre futebol, o ascensorista do prédio Kennedy Paulo César Brito, o PC, é um catedrático da bola. Quando perguntam oual é o seu time, ele apenas mostra o chaveiro com três bandeiras do Flamengo. Apesar do recente jejum do rubro-negro, há um mês sem vencer, PC mantém a convicção:
– Acredito que vamos ser campeões. O São Paulo está bem forte também. Agora, o Fluminense é fraco, e o Botafogo é fogo de palha – provoca.
No elevador transformado em aqruibancada, um tricolor retruca a provovcação: "Vocês estão sabendo do problema do Luxemburgo (técnico do Flamengo) esse sábado no treino do Flamengo?", diz o estudante, de bate-pronto, referindo-se à bronca do treinador sobre a flatulência de jogadores no treino do sábado passado. "Isso é a pressão que os jogadores já estão sofrendo" 

– É que o time tem muito gás. É por isso, muito gás –  brinca PC.
Empolgado com a briga pelo título, Luiz Léo afirma que tudo está indefinido, " A briga pelo título só será definida nas ultimas rodadas. Times que agora não estão no topo da tabela podem chegar, como  Internacional", e por fim faz uma observação sobre o campeonato, "É o campeonato de pontos corridos mais disputados que já tivemos. Vai ser muito emocionante".
Pedro Gabriel Paes, aluno de direito, sai em defende dos vascaínos. Embora já tenha conquistado a Copa do Brasil e, portanto, esteja classificado para a Libertadores do próximo ano, a equipe de São Januário segue firme na briga pelo título. Gabriel intui uma reta final emocionante:
– Esse Brasileiro ficou muito bom, devido ao planejamento dos clássicos. Traz mais emoção e competitividade. Esse ano tudo indica que Vasco e Flamengo farão a final, e o Vascão vai levar [o título] para homenagear o grande técnico Ricardo Gomes.
O técnico Ricardo Gomes recupera-se, no Hospital Pasteur, no Méier, Zona Norte dp Rio, AVE (Acidente Vascular Encefálico) hemorrágico sofrido dia 28 de agosto, quando dirigia o time no empate sem gols com o Flamengo. Ele apresenta melhoras, mas ainda não há previsão de alta. 

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Vida de Estagiário tem pré-estreia na PUC-Rio

 

Após a exibição, um debate com a presença do cartunista Allan Sieber,

A vida de todo estagiário começa na faculdade. Seja em Publicidade, Administração ou Direito, o aluno precisa estar cursando alguma graduação para entrar no mercado de trabalho e ser aprovado em processos seletivos. Pensando nisso, a TV Brasil resolveu inovar e fazer a pré-estreia da série Vida de Estagiário na PUC - Rio (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro), uma das mais tradicionais e respeitadas instituições de ensino superior do Brasil.

O evento aconteceu na tarde da última quinta-feira25, e foi bem recebido por alunos, professores e diretores de departamento. A ilustre presença do cartunista Allan Sieber, criador dos quadrinhos que deram origem à série, foi um sucesso. Simpático e divertido, Allan explicou de onde veio a ideia para o Vida de Estagiário.

"Veio do cotidiano. Estagiário é um cargo legal para poder brincar e fazer humor. Nunca fui estagiário, mas já trabalhei como office boy. Cheguei à conclusão de que esses trabalhos são muito semelhantes, por serem praticados por pessoas jovens e estar sempre recebendo ordens", disse o cartunista.

A pré-estreia teve início com a exibição do primeiro episódio de Vida de Estagiário. Em seguida, o jornalista multimídia da TV Brasil, Arthur William, falou um pouco sobre as inovações que a série traz. Entre elas, destacam-se a transmissão da estreia pelo Facebook oficial da emissora, a criação de um twitter com conteúdo independente - @serestagiarioe - e a interatividade para TV digital. A última etapa do evento foi um debate entre Allan Sieber, o próprio Arthur William, e o professor de Mídias Globais da PUC-Rio, Luiz Léo.

A pré-estreia foi transmitida ao vivo em uma Twitcam pelo twitter da TV PUC. O portal da universidade cobriu e fez reportagens especiais.

https://tvbrasil.ebc.com.br/vidadeestagiario/bastidores/vida-de-estagiario-tem-pre-estreia-na-puc-rio

sábado, 20 de agosto de 2011

Hackers ameaçam invasão ao facebook (Entrevista Rádio Catedral FM)


Hackers ameaçam invasão ao Facebook (entrevista Rádio Catedral FM)


Revista JovemPUC-Rio
Alô internauta! Entre em sintonia com o "Revista Jovem", programa que vai ao ar aos sábados,
às 13 horas, pela Rádio Catedral FM (106.7).
O programa, com duração de meia hora, traz novidades da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, a PUC-Rio.
Programa transmitido no dia 20/08:

Para ouvir o Revista Jovem, utilize o player abaixo: 
 
Para ouvir o Revista Jovem você precisa do software Flash Player.
Vá até a página da Adobe para fazer o download, ou obter mais informações.

       Assuntos   Cidade de Deus inaugura em setembro primeiro banco comunitário carioca.
Alunas da PUC-Rio apresentam trabalho no México sobre crimes contra jornalistas investigativos.
Filmes 3D ressuscitam clássicos do cinema.
Hackers ameaçam invasão ao facebook.
17° Internacional Cello Encounter é mais uma atração de música clássica no Rio de Janeiro.

Envie suas dicas e sugestões para:
LILIAN SABACKProfessora de Radiojornalismo do Departamento de Comunicação Social
e Coordenadora de Assessoria de Comunicação Social, Rádio e Internet
do Projeto Comunicar PUC-Rio

liliansaback@puc-rio.br

Página desenvolvida pela Divisão de Multimídia do RDC.


quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sem meias palavras




Às vésperas da estreia de Fina Estampa, sua próxima novela das 9, o autor Aguinaldo Silva destila comentários afiados, divertidos e certeiros sobre tudo e todos
por Sofia Cerqueira | 17 de Agosto de 2011


A cena é digna dos melhores folhetins. Os alunos de um tradicional colégio religioso estão agitados, envolvidos na eleição anual da rainha da primavera. Quando todos os estudantes aguardam em um auditório pela apuração do resultado, o professor encarregado da contagem emudece ao abrir o primeiro voto. Amassa a cédula e a joga fora, sem dizer uma palavra. Pega outro papel e, de novo, o descarta. Assim faz sucessivamente, até que, indignado, decide cancelar o escrutínio. A essa altura, todos os olhares e cochichos têm como alvo um garoto tímido e sensível sentado a um canto da plateia. O menino percebe que toda a escola havia votado nele, numa brincadeira cruel orquestrada pelos colegas de sua classe. De tão envergonhado, não volta para casa. Vai para uma praça, onde chora compulsivamente.

O relato acima poderia ser um ótimo ponto de partida para um filme — ou novela — sobre bullying juvenil, mas é real. Aconteceu em 1957 no Colégio Americano Batista, no Recife. O garoto em questão é o hoje escritor Aguinaldo Silva, 67 anos, um dos mais festejados autores do país. Por mais de meio século, ele escondeu a história de familiares e conhecidos. Recentemente contou o episódio a um amigo e, desde então, decidiu que não havia mais espaço em sua vida para velhos rancores, mágoas ou recalques. A confissão de um trauma de infância coincide com uma fase nova na trajetória do dramaturgo. De uns tempos para cá, ele resolveu dizer tudo o que passa pela sua cabeça. “Quando você chega a uma certa idade, tem de optar: ou continua a ser hipócrita, ou fala o que pensa”, explica. “Vivemos numa época em que as pessoas só se preocupam em se preservar. Para quê? Para a tumba?” Às vésperas de estrear sua 13ª trama, Fina Estampa, no próximo dia 22, Aguinaldo Silva transformou-se em uma das personalidades mais ferinas da TV. Sem medo de se envolver em polêmicas, delicia seus admiradores com comentários afiados sobre tudo e todos. Mesmo que isso signifique atrair o ódio de suas vítimas.

Em um universo como o da televisão, em que as palavras são medidas e todos fingem fazer parte de uma grande família, ele se destaca pelo comportamento sui generis. Atores, atrizes, nomes consagrados da música, celebridades internacionais como Justin Bieber e Lady Gaga, políticos — não há assunto que escape dos seus petardos. Para ele, Gilberto Braga, autor de Insensato Coração, atual cartaz das 9 que será sucedido por Fina Estampa, faz gênero cada vez que declara não gostar de escrever novelas. Dispara também contra o apresentador Zeca Camargo, do Fantástico, ao comentar que ele criou um tipo garotão que não condiz com sua idade (48 anos). É especialmente cruel com o ator Murilo Benício, que despontou para o estrelato em uma novela sua (Fera Ferida, de 1993). “Não entendo o que ele diz. Esse rapaz precisa fazer um curso de dicção”, ataca. O queridinho Fábio Assunção é outro alvo de sua metralhadora giratória por ter abandonado as gravações de Insensato Coração alegando problemas com drogas. “Por que então aceitou o convite e começou a gravar?”, pergunta.

Suas opiniões ácidas proliferam com especial vigor na internet. Ali, no ambiente virtual, elas servem de combustível para apimentar reportagens em sites de celebridades e fofocas em geral. Desde que descobriu o Twitter, há um ano, tem alimentado seu microblog com mensagens polêmicas e provocações variadas. São notórias suas caneladas em Chico Buarque. Em novembro passado, escreveu que a safra de escritores andava “fraquinha”, já que o compositor havia recebido o Prêmio Jabuti pelo livro Leite Derramado. Em fevereiro, voltou à carga: “Gênios da literatura como Chico Buarque de Hollanda existem a dar com pau. Agora, autores capazes de escrever novelas das 8 são só cinco!”. Em entrevista a Veja Rio, completa: “Sou fã do Chico como compositor, mas ele não é esse grande escritor que as pessoas dizem. Escreve a mesma história há quatro livros”. Também não poupa os defensores do bom-mocismo. “Agora vivemos numa democracia, mas existe uma ditadura ainda maior que nos tolhe a criatividade: é a do politicamente correto. Nessa ditadura, anão é cidadão verticalmente prejudicado, negro é afrodescendente. Ninguém bebe, ninguém fuma, qualquer ofensa é malvista. E vocês ainda se perguntam por que a televisão anda tão chata?”Tamanha sinceridade decorre do status conquistado dentro da TV Globo nos últimos anos. Na última década, nenhuma outra novela foi capaz de igualar Senhora do Destino em audiência. Exibida entre 2004 e 2005, ela registrou uma média de 54 pontos, contra os 35 de Insensato Coração. Mesmo considerando-se que os hábitos dos telespectadores mudaram muito nos últimos seis anos, o que tem derrubado os indicadores, trata-se de um feito notável. Embora o autor não revele cifras, sabe-se que um dramaturgo do seu porte ganha por mês entre 400 000 e 500 000 reais, valor que pode aumentar com os contratos de merchandising. “Aguinaldo alcançou um patamar que lhe permite certos privilégios, entre eles o de dizer o que quiser”, comenta José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, que comandou a emissora até 1997. Há quem veja sua verborragia, no entanto, como uma estratégia de marketing. “Ele sabe como poucos usar essa ferramenta de extrema visibilidade junto a um público formador de opinião para difundir a sua obra e chamar atenção para sua personalidade polêmica”, diz Luiz Léo, professor de mídias globais do curso de comunicação social da PUC.

Jornalista de formação e antigo repórter policial, Aguinaldo estreou como roteirista na TV Globo em 1979, quando foi convidado para escrever a série Plantão de Polícia. A primeira novela, Partido Alto, viria cinco anos depois. O sucesso, porém, chegou em 1985, com a convocação para escrever Roque Santeiro, obra iniciada por Dias Gomes uma década antes. Naquela época, Aguinaldo já dava alguns sinais da sua personalidade apimentada. Quando faltavam algumas semanas para o final, foi chamado pela direção da TV e obrigado a ceder o lugar a Dias Gomes, que queria escrever os últimos capítulos. Oficialmente, seria uma homenagem. Ele, entretanto, se recusou a acobertar a história. A insubordinação não foi bem-vista, mas o episódio acabou sendo dado como encerrado. Em seguida, seu talento voltou a se confirmar com Tieta, em 1989, uma adaptação do romance de Jorge Amado. “Ele tem uma curiosidade natural, que leva a uma dramaturgia rica, persistente e movimentada”, afirma o diretor Wolf Maia, responsável por Fina Estampa.

Escrever uma novela de sucesso vai além das fórmulas prontas. Há variáveis como a empatia do público, a verossimilhança dos personagens e o desempenho dos atores. No caso de Fina Estampa, Aguinaldo pretende investir firme no gênero popular e abusar do humor e da emoção. O enredo vai girar em torno de uma discussão: o que conta mais para o ser humano — o caráter ou a aparência? Para criar os tipos, ele se inspirou nos jornais — lê três por dia — e em pessoas que conheceu nas ruas. A protagonista, Lília Cabral, será uma viúva portuguesa que faz pequenos consertos para sustentar os filhos. Surpresa: haverá um único personagem homossexual. Interpretado por Marcelo Serrado, ele idolatra sua patroa, interpretada por Cristiane Torloni. Beijo entre pessoas do mesmo sexo está fora de questão. “O telespectador não quer”, justifica. “Neste momento tem gay demais na televisão.”


Cada vez que começa a escrever, Aguinaldo mergulha em um regime de trabalho que define como “cárcere privado”. Metódico e disciplinado, acorda religiosamente às 5h30. Uma hora e meia depois, está diante do computador. Antes, cumpre uma espécie de ritual. Vaidosíssimo, usa um creme para o corpo, outro para os olhos e mais dois para o rosto. Só trabalha perfumado e vestido com roupas de grife. No dia em que recebeu VEJA RIO, usava mocassins e echarpe Louis Vuitton, calça Ermenegildo Zegna e camisa Hugo Boss. Depois de pelo menos nove horas de trabalho, quando escreve 35 páginas (ou um capítulo), é ele quem prepara o próprio jantar. É quando consegue relaxar. Costuma assistir às suas novelas assim que vão ao ar e ainda tem o hábito de ver pelo menos meia hora de um filme ou um seriado — que podem variar de clássicos como A Malvada, com Bette Davis, a séries como a americana Mad Men, sobre o mundo da publicidade nos anos 60. Tudo cronometrado. O confinamento segue até o derradeiro capítulo. Aguinaldo conta que enquanto Duas Caras esteve no ar, por exemplo, só saiu duas vezes do lar. É bom deixar claro que, quando fala em lar, ele pode estar se referindo a qualquer uma de suas cinco propriedades — uma casa e um flat na Barra, um apartamento no Centro, um sítio em Itaipava e um imóvel em Lisboa.

O sucesso como autor permite a Aguinaldo uma vida confortável — e alguns caprichos. Sua mansão de cinco quartos e piscina na Barra é repleta de obras de arte nos estilos art nouveau e art déco. Quando está entediado, costuma realizar o que chama de viagens camicases. Como é uma pessoa independente e mora sozinho, arruma uma malinha, vai para o Galeão e escolhe a esmo um destino no painel. Só então compra a passagem e embarca. Já viajou assim para Buenos Aires, Madri e Orlando — ele adora os parques da Disney, para onde já foi oito vezes. “Gosto de ficar andando no meio de toda aquela gente do mundo inteiro”, revela. Esteja onde estiver, não para com suas provocações. “Alguém aí ainda aguenta as Ritas, Gadus e Carolinas cantoricando a mesma musiquinha sem graça durante seis meses?”, escreveu ele no Twitter, em julho, referindo-se a canções feitas para as aberturas de novelas. “Apesar de ser uma pessoa tranquila, ele enfrenta a vida com o atrevimento de um jovem. Não tem medo de se expor”, define a atriz Susana Vieira, uma de suas melhores amigas e também famosa pela língua afiada. Aguinaldo, de fato, não se incomoda com os críticos: “Dizem que eu falo demais, mas os outros é que falam de menos”.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Debate do Canal Futura


09 de AGOSTO de 2011

A FTORJ foi convidada para participar de um debate acerca da COPA do MUNDO e a ELITIZAÇÃO do FUTEBOL, realizada nos estúdios da TV FUTURA da GLOBOSAT





Presentes:
Sr. Flavio Martins – Presidente da FTORJ
Sr. Roberto Damatta – Antropólogo
Sr. Luiz Léo – Consultor Esportivo e Professor da PUC/RJ
Alguns assuntos foram abordados na questão da preparação do Rio de Janeiro para Copa do Mundo, principamente quanto a elitização do futebol e as medidas que estão sendo tomadas para a realização da copa do mundo 2014.


A identidade do jogador de base com o clube que o revela, o apoio e a estrutura formadora de atletas e o quanto vale a ida de um atleta para o exterior, foram outros temas discutidos entre os convidados.


Amplamente discutida também, foram os valores de ingressos, serviços nos estádios e a paixão do torcedor/consumindor; que hoje está sendo obrigado a passar por cima de tradições e manifestações populares históricas, para atender a um novo perfil europeu de torcer, imposto pela FIFA e CBF em nossos estádios do Brasil.


Foram respondidos diversos questionamentos dos espectadores através de e-mail.
ESTAMOS TRABALHANDO
ABRAÇO A TODOS
DIRETORIA FTORJ

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sala de Debate - Canal Futura




O Sala de Notícias Debate, do Canal Futura, reestreia hoje, dia 09/09, com o tema "Futebol: Paixão, Espetáculo e Negócio". No programa, o antropólogo Roberto Da Matta, o professor de Marketing Esportivo da PUC-Rio e Consultor de Esportes Luiz Léo e o Presidente da Federação de Torcidas Organizadas do Rio de Janeiro Flávio Martins, o Frajola, discutirão os rumos do futebol na "pátria de chuteiras". A Copa de 2014 pode ser um divisor de águas no caminho rumo à profissionalização da estrutura do esporte? Começa às 21h, não perca!



Programa Sala de Notícias Debate - Luiz Léo, Roberto da Matta, Flávio Martins e Amanda Pinheiro


Sala de Notícias em Debate 09/08/2011 Bloco 2


Sala de Notícias em Debate 09/08/2011 Bloco 3




sábado, 28 de maio de 2011

O que é o International English?


Após escrever o post sobre diferenças e curiosidades entre o inglês britânico e o inglês americano, me senti na obrigação de escrever outro post abordando o que hoje os especialistas chamam de International English. Assim, não corro o risco de alguém achar que eu privilegio um inglês em detrimento do outro. Na verdade, eu defendo a ideia do International English. Portanto, devo falar a respeito dele.
O International English é também conhecido como Global English, World English, Common English ou General English. Na literatura acadêmica, utilizamos com muito mais frequência os termos destacados em negrito.De forma resumida, o International English “pertence a todas as pessoas (do mundo) que falam inglês, mas ele não é a língua nativa de ninguém” (Rajagopalan, 2004:11). Ou seja, o International English não é uma língua própria de um país ou outro, mas sim uma língua internacional de conhecimento de todos as pessoas do mundo que a falam.
Em 1985, o linguista Braj Kachru sugeriu o que ficou conhecido como “os círculos do inglês”. Em um artigo, ele demonstrou que a língua inglesa era uma língua com três círculos de influência (veja figura ao lado). No círculo interior (inner circle) encontram-se os países nos quais o inglês é a língua mãe (EUA, Reino Unido, Austrália, Irlanda, etc.). No círculo externo (outer circle) estão países que tem a língua inglesa como segunda língua por alguma razão histórica ou cultural (Índia, Singapura, Nigeria, etc.). No último círculo, o círculo crescente (expanding circle) estão os demais países do mundo que aprendem o inglês como língua estrangeira (Brasil, Alemanha, México, Japão, China, etc.).
Durante muito tempo os autores de materiais didáticos, donos de escolas, professores e demais profissionais da área de ensino de inglês no munto todo privilegiaram o inglês que estava apenas dentro do “inner circle”. Ou seja, ensinavam apenas o inglês britânico ou o americano. Pois, tratava-se do tipo de inglês puro, correto, superior, melhor, perfeito, etc. Logo, esse era o inglês que deveria ser ensinado ou aprendido. Infelizmente, essa mentalidade continua impregnada na cultura brasileira.
Rajagopalan (2004:111) escreve que esse pensamento de que o “inner circle” é superior aos demais “fez (e ainda faz) nascer um complexo de inferioridade extremamente irritante entre muitos professores e estudantes de inglês” ao redor do mundo. Isso porque para essas pessoas o padrão de perfeição a ser alcançado é o inglês britânico ou americano. Esse comportamento faz com que as pessoas considerem o inglês uma língua difícil e impossível de ser dominada. Resultando em um complexo de inferioridade e incapacidade no aprendizado.
Para evitar esse pensamento, começou então a ser dicutida a ideia de que a língua inglesa é de uso internacional (língua franca). Logo, sotaques, palavras, expressões, pronúncias, gramáticas (diferentes do padrão), etc., se misturam e se espalham de uma forma impressionante. “O ‘inner circle’ perdeu muito de seu poder linguístico, real ou imaginado”, escreve Jeremy Harmer (2007:18). Por conta do crescimento do inglês como língua franca entra em cena o chamado International English.
Harmer acrescenta ainda que “a pessoa que fala o World English é, talvez, capaz de lidar com uma ampla gama maior de variedades da língua inglesa do que uma pessoa que fica presa às atitudes e competências do falante nativo”(do inglês americano ou britânico, por exemplo). Isso significa que quem se preocupa demais em aprender a falar inglês como um britânico ou americano pode não ser capaz de se comunicar efetivamente com o resto do mundo. Nas palavras de Rajagopalan (2004:115), “quem não consegue se comunicar em inglês com uma pessoa com sotaque grego ou punjabi é comunicativamente deficiente”.
Toda essa discussão fez com que Kachru (2004) propusesse um novo círculo. Ele mantém o “inner circle” (falantes nativos da língua inglesa). No lugar do “outer circle”, ele coloca os falantes proficientes da língua inglesa (high proficiency non-native speakers). E no lugar do “expanding circle”, ele põe as pessoas cujas habilidades linguísticas em inglês não são muito altas (low proficiency non-native speakers).
Atualmente, editoras, escolas internacionais, faculdades, empresas, etc., preocupam-se muito mais com o inglês internacional doque uma variantes específica ou outra. Claro que ainda há materiais desenvolvidos para uma variante específica do inglês ou outra (americano ou britânico, por exemplo). No entanto, a ideia do International English tem sido divulgada, discutida e ensinada com muito mais frequência.
Portanto, saiba que você, estudante de inglês, deve estar preparado para falar inglês com qualquer pessoa no mundo. Por mais complicado que isso possa ser. A ideia hoje no ensino de língua inglesa é a de formar pessoas proficientes capazes de se comunicar com qualquer outra pessoa que fala inglês, seja um nativo ou não. Formar pessoas com capacidade de compreender alemães, chineses, italianos, franceses, coreanos, americanos, irlandeses, canadenses, etc., falando inglês.
Não há mais a superioridade linguística de uma forma ou outra. Todas as formas devem ser reconhecidas, aceitas e compreendidas. Para alcançar esse nível é necessário dedicação, envolvimento com a língua e motivação para continuar aprendendo sempre. Em resumo, não se dedique apenas a um tipo de inglês; dedique-se ao inglês falado no mundo. Caso necessário seja, aprefeiçoe-se em uma variantes ou outra; mas apenas se for realmente preciso.
Referências
  • Harmer, J. (2007). The Practice of English Language Teaching. Pearson Longman, Essex.
  • Kachru, B. (1985). Standards, Codification, and Sociolinguistics realism: the English language in the outer circle. CUP/British Council.
  • Kachru, B. (2004). Asian English: beyond the canon. Hong Kong University Press.
  • Rajagopalan, K. (2004). The Concept of ‘World English’ and its Implications for ELT. ELT Journal 58/2.
Para os professores interessados em ler mais sobre esse assunto e seus desdobramentos recomendo “English as a Global Language”, de David Crystal, editora Cambridge University Press.