sábado, 21 de setembro de 2013

O Mano nunca foi brother…

O abandono de emprego do, agora, ex-técnico do Flamengo pegou de surpresa clube, imprensa e torcedores. É certo que, há tempos, as coisas já não vinham dando muito certo pelas bandas da Gávea. O treinador evitou demonstrar que tomaria atitude tão drástica, mas o clima no clube passava longe da leveza.

Com o discurso do profissionalismo ensaiado, a nova gestão assumiu prometendo uma revolução. Sinalizando austeridade, reformulou a folha de pagamentos da equipe, enxugando despesas e podando os excessos. Na reengenharia projetada pelos cartolas da vitoriosa chapa azul, não havia mais espaço para loucuras.

O primeiro a sentir o corte afiado da navalha foi o artilheiro do time. Sem lugar para sentimentalismos, Vagner foi despachado de volta para a fria Moscou. Destino parecido tiveram outros medalhões. Ao mesmo tempo que reduzia gastos, a cúpula do “Mais Querido do Brasil” investia fortemente no saneamento das dívidas e na atração de novas receitas, para turbinar o futuro rubro-negro.

O difícil equilíbrio entre razão e emoção, no entanto, evidenciava-se em pequenos detalhes. Zinho foi rebaixado de função e pediu o boné. Em seu lugar, um manager de velhos hábitos e boas relações com os vetustos bastidores da bola ganhou carta branca. Trouxe com ele os ares, amigos e manias dos pampas.

Na sua primeira bola dividida, resgatou um velho axioma do futebol: menos é mais. E entre a manutenção de um técnico caro e eficiente, mas sem identificação com o clube, a opção pela fórmula caseira do bom e barato, fazendo o “filho” à casa retornar. Jorginho foi um desastre e as sirenes da boca maldita começaram a tocar. O prometido choque de gestão colocara o presidente Eduardo Bandeira de Mello na marca do cal. E ele desperdiçou um pênalti importantíssimo.

A manutenção de Jorginho, com todos os seus percalços e instabilidade tinha mais chances de prosperar, do que a virada de mesa repentina que reacendeu os temores e o fantasma da lógica transversa e oportunista dos velhos e nada saudosos dirigentes torcedores: ganhou fica, perdeu sai.

Sob o clamor da seriedade, respeito à hierarquia e comprometimento, Renato Abreu foi outro que dançou. A faxina silenciosa gerou instabilidade no elenco. No saneamento a toque de quartel, o banimento de antigos ídolos das dependências do clube evidenciou-se como outro gesto tresloucado de um grupo bem intencionado, mas com a típica banca dos CEOs das grandes corporações. 

O episódio Mano Menezes dá a exata noção de que o futebol não é para novatos. Contratado a peso de ouro (sim!), para conduzir o barco flamenguista à águas seguras (durante um período de mares revoltos e poucos investimentos), o laureado professor não hesitou diante do óbvio (para o qual, aliás, deveria estar preparado): uma andorinha só não faz verão. E ainda que tenha trazido parte do seu bando (de loucos ?) para o Rio de Janeiro, a máquina não azeitou.

Demonstrando total indiferença à hierarquia, aos novos métodos de gestão e ao acordo firmado em torno de uma transição de longo prazo, não deixou sequer uma banana para os engravatados dirigentes de colarinho azul bebê. No melhor estilo novas mídias, comunicou a saída por um prosaico SMS. E ponto final...

É bom lembrar que Mano não é o primeiro gaúcho a abandonar o barco flamenguista. Por razões e em contextos diferentes, o “gremista” da hora deixou novamente com cara de tacho uma nação inteira. Saiu pela porta dos fundos, cuspindo no prato em que comeu.  E ainda fazendo cara de bravo...

Se as antigas (ou nem tão antigas assim) gerações de dirigentes cometeram vários equívocos a frente do vermelho e preto da Gávea, os atuais executivos aprenderam pouco com o passado. Tratar o futebol como negócio exige mais do que técnica. É preciso colocar a razão adiante do sentimento, mas sem sufocá-lo.

E o Flamengo vem correndo o risco de perder a sua essência. A contratação de um técnico top para um elenco desequilibrado foi um erro crasso. Parecia tão evidente o desacerto, que é difícil acreditar que tenha prosperado. Agora, sem tantas alternativas no mercado e diante de pressão máxima, pode ser que dê certo com o Jaime, o que se tentou fazer com o Jorginho. É uma boa aposta.

O que não se pode é tornar o ambiente da Gávea irrespirável. Mudar a cultura de uma organização, pelo menos das esportivas, exige tempo. Não se deve fazê-lo na base das diretrizes executivas frias e assépticas. Em seus piores momentos, o que manteve o rubro-negro pulsando foi justamente a força de seu espírito. A combinação improvável entre o calor das massas e a mística das tradições centenárias pode funcionar como ativo intangível valioso, que nenhum engomadinho, técnico ou não, saberá explorar usando régua e compasso....

sábado, 7 de setembro de 2013

Meio século depois.. (transcrição do artigo de Cristovam Buarque)

Não está distante o dia em que os brasileiros acreditarão que é preciso e é possível

ARTIGO - CRISTOVAM BUARQUE

Publicado: 

A quase totalidade dos discursos de políticos é irrelevante. São logo esquecidos. Mas, nesta semana, comemora-se em todo o mundo os 50 anos do discurso do dr. Martin Luther King em que ele disse que tinha sonhos: de que seus quatro filhos não sofreriam preconceitos por causa da cor da pele; e de que os filhos dos ex-escravos e os filhos dos ex-donos de escravos seriam capazes de sentar juntos na mesma mesa, como irmãos.
Meio século depois, nós também temos sonhos.
Sonhamos que um dia nenhum dos filhos do Brasil será privado de uma educação de qualidade que lhes permita entender a lógica do mundo, deslumbrar-se com suas belezas, indignar-se com suas injustiças, falar e escrever seus idiomas, ter uma profissão que lhes permita usufruir e melhorar o mundo onde vivem.
Para isso, sonhamos fazer com que a mais pobre criança tenha, desde sua primeira infância, uma escola com a qualidade das melhores do mundo, que um dia os filhos dos trabalhadores estudarão nas escolas dos filhos de seus patrões, os filhos das favelas nas escolas dos filhos dos condomínios e em, consequência, o Brasil terá pontes no lugar de muros entre suas classes e seus espaços urbanos.
Sonhamos que não está distante o dia em que todos os brasileiros acreditarão que isso é preciso e é possível. Deixarão de considerar o sonho como um delírio de utopista ou demagogia de político. Olharão ao redor e verão que muitos outros países já fizeram esta revolução, que chegará tardia ao Brasil, como nos chegou tardiamente a libertação dos escravos. Lembrarão que até 1863, na terra do dr. King, e, por décadas mais no Brasil, a ideia de que os negros um dia seriam livres do cativeiro era vista como estupidez. E hoje o presidente da República deles é negro.
Sonhamos também que, acreditando nos seus sonhos, o Brasil se levantará para realizá-los. Porque o sonho não se realiza quando é solitário, nem tampouco quando os sonhadores continuam deitados em berço esplêndido. Só quando é de todos e todos se levantam é que ele começa a ser realidade.
Se nós acreditarmos, se nos levantarmos em sua defesa, será possível realizar o sonho de que no lugar de exclusão teremos unidade social, ao garantir que os filhos do Brasil estudarão em escolas com qualidade e com a mesma qualidade.
Sonhamos com cidades pacíficas; com economia eficiente, sustentável e distributiva; com serviços sociais funcionando; com a renda nacional bem distribuída. Sonhamos que o Brasil será celeiro não apenas de soja e ferro, mas também de conhecimento nas ciências, tecnologias e nas artes; que o Brasil será um país regido pela ética no comportamento dos políticos e nas prioridades da política. E sabemos que todos estes objetivos passam pela escola de qualidade e mesma qualidade para todos.
Sonhamos que o Brasil futuro será o Brasil de nossos sonhos.
Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

terça-feira, 3 de setembro de 2013

As novas táticas da gestão esportiva

Boa parte dos grandes clubes brasileiros, inclusive os cariocas, trava com a Receita uma batalha tão ou maus dura quanto a maratona do Brasileiro. Tentam equacionar as dívidas miionárias acumuladas por décadas de displicência fiscal. Para resolver problemas assim, que indicam ainda um fosso entre os discursos de profissionalização e práticas ainda amadoras, o professor de Markerting Esportivo da PUC-Rio Luiz Leo levanta a bola qualificação. Convidado do programa O Negócio é Esporte desta terça (3) –às 22h, na Bradesco Esportes (91,1 FM) –, o especialista explicará como a nova safra de gestores esportivos começam a dar cartão vermelho para barbeiragens administrativas que há muito tiram o sono de investidores e torcedores.
Leo acredita que a sonhada independência financeira de instituições esportivas, associadas não só ao futebol mas a outras modalidades, seja conquistada à medida que visões imediatistas e rotinas amadoras sejam substptuídas por planejamento a longo prazo e gestões psofissionais. Especializado na formação de talentos da área, o professor, que também leciona Mídias Digitais na PUC-Rio, vai esclarecer, no programa de hoje, as táticas para explorar melhor o potencial de marcas como Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco, e captar mais investimentos.
Duas deessas estratégias remetem, por exemplo, ao aperfeiçoamento do uso das redes sociais para cultivar fãs (o Barcelona, clube mais popular no Facebook, tem 44 milhões de seguidores) e à diversificação das receitas do marketing, ainda muito dependentes de verbas decorrentes de direitos de imagem (transmissão em TV) e de patrocínios em camisa.  
Primeiro talk-show só sobre marketing esportivo no país, O Negócio é Esporte é apresentado pelos jornalistas Sérgio Carvalho, ex-gerente do Sistema Globo de Rádio, e Alexandre Carauta, ex-editor-executivo do Jornal do Brasil e professor da PUC-Rio. A cada semana, eles conversam com craques da área (executivos, gestores, publicitários, consultores, pesquisadores) sobre novidades, curiosidades e bastidores no campo dos negócios esportivos. O programa, uma parceria entre a StartCom Comunicação e o Grupo Bandeirantes, vai ao ar às terças-feiras, sempre às 22h. 

Entrevista Bradesco Esportes FM

terça-feira, 3 de setembro de 2013


O Negócio é Esporte


O NEGÓCIO É ESPORTE - Saúde financeira dos clubes de futebol



http://www.onegocioeesporte.com.br/2013/09/o-negocio-e-esporte-saude-financeira.html