Foto: FuturaPress
A conquista da Copa do Brasil, pelo Flamengo, ressuscita um
debate mais antigo do que o Fla x Flu (aquele mesmo, “que nasceu antes do nada”):
técnico ganha jogo ? A resposta esta longe de ser definitiva, mas a figura do
estiloso e low profile Jaime de
Almeida põe uma pá de cal, nos brios dos “phhhhhofessores”, zelosos de seus
ternos bem cortados e vocabulário chulo.
O comandante rubro-negro, sem estardalhaço, fez o milagre de
transformar um bando de jogadores, em uma equipe de atletas, bem treinados e
comprometidos com um resultado. O elenco do Flamengo, tão contestado ao longo
da temporada, revelou um equilíbrio invejável. Tendo como maior estrela a
torcida, que joga junto e empurra o time onde quer que este vá, Jaime fez o
básico: escalou os onze possíveis e ofereceu-lhes uma proposta de jogo aceitável.
Com a fala mansa, olhar atento e jeito doce, o mister logo percebeu que não havia o que
inventar. Tendo em mãos um grupo tão aquém das tradições da Gávea, deu-lhe, ao
menos, um sentido de pertencimento às raízes preto e vermelha. Incutiu-lhes uma
mentalidade vencedora. Podou egos. Repreendeu distrações. Mobilizou esforços e
formou um conjunto harmônico, que manteve a tranquilidade e o foco, mesmo nos
momentos de adversidade.
O Flamengo que ganhou a Copa não é o Flamengo que o torcedor
se acostumou a enaltecer, ao longo de sua história de glórias e conquistas. É
um time sem destaques. Aquele que deveria ter sido o craque da companhia foi um
desastre ao longo da temporada. O que fora menosprezado tornou-se o artilheiro
improvável. E de Cadu a Brocador, salvaram-se todos de um naufrágio
anunciado. O rubro negro terminou o ano
redimindo o novo modelo de gestão do mais querido do Brasil, em meio a mística
de que não se pode deixar chegar.
Agora, Jaime merece a oportunidade de ficar por uma longa
temporada. Se os dirigentes tiverem um mínimo de juízo (ou o propalado
profissionalismo, tão defendido durante a campanha de Wallim/Bandeira de Mello)
deveriam assegurar um horizonte contínuo para o treinador, cria da casa e com
um perfil singular, no atual mercado. Mantê-lo significa tornar realista a meta
de fazer do rubro negro potência, instituindo a regra mais elementar do
esporte: administrar com a razão, explorando o que de melhor a emoção puder
proporcionar.
Jaime é o cara ! Tem competência e carisma para conduzir o
clube a voos muito mais altos. Com alguns reforços, tempo para trabalhar e a
garantia de continuidade, o treinador campeão poderá fazer do aprazível balneário
carioca a sua Europa United, a la Sir Ferguson.
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