Flamengo, Portuguesa ou Fluminense ? Quem cai, na gangorra
do Brasileirão (sem fim) ? A discussão ganhou ares empedernidos, nas últimas
semanas. A bola já parou. O Cruzeiro até recebeu a faixa de campeão. Mas, os
juízes, agora de toga, continuam tocando seus apitos.
O fantasma da virada de mesa, que parecia sepultado do
vocabulário da crônica esportiva, voltou com força total. Argumentos de ambos os
lados invocam um sem número de teses. Sob o calor das paixões, o futebol
brasileiro retorna ao divã dos analistas de ocasião.
E onde (ou com quem) estará a razão ? O debate está longe de
ser simples. Sobretudo porque, não se trata apenas dos aspectos jurídicos em
jogo. O jogo jogado deve ter peso importante na formação da convicção dos
leigos, mas também dos doutores, que tomarão posição no pleito.
Filigranas legais a parte, existe um resultado conseguido
dentro do campo. A escalação dos atletas supostamente irregulares não modificou
substantivamente as posições na tabela dos clubes envolvidos no imbróglio. O
Fluminense foi menos competente que seus adversários.
Nos 38 jogos que fez, o clube das Laranjeiras disputou 114
pontos possíveis e obteve 46 (míseros 40,35%). Chegou à última rodada dependendo do resultado
de terceiros. Nenhum deles Portuguesa ou Flamengo, cujos resultados não
modificariam em nada a sorte do Tricolor.
É certo ponderar que outros clubes que tiveram atletas
suspensos de partidas acumularam algum prejuízo técnico, por não poder contar
com sua força total nas disputas. Mas, a Portuguesa escalou um jogador faltando
quinze minutos para o final da sua última partida.
E o Flamengo fez um jogo de entrega de faixas ! Não houve
sequer concentração. Os atletas mal treinaram durante a semana anterior. Que
intenção haveria em escalar um jogador irregular em uma partida que todos encaravam
como mero cumprimento de tabela (que de tão evidente, teve, inclusive
autorizada a antecipação do jogo para o sábado) ?
O sistema de controle da CBF é pífio. A legislação
desportiva caótica. As penalidades estabelecidas pelos tribunais de esporte,
risíveis. E, agora, invoca-se a legalidade ? Existe uma frase célebre no
futebol que diz: “a bola pune” ! E puniu, de fato, mas puniu quem não teve competência com a bola rolando.
O campeonato já acabou. A relva verde ditou as verdadeiras
sentenças. O Fluminense, talvez, não tenha mesmo nada a ver com o que está
acontecendo nos bastidores. Mas, não deixa de ser feio, muito feio, se deixar
levar, convenientemente, pela oportunidade que se abre nas minúcias, nas fronteiras, nos detalhes...
Ah, os detalhes... todos bem sabemos quem reside nos detalhes !
É duro admitir, mas os expedientes da chamada legalidade afrontam
a moral e os bons costumes: “eu não tenho nada a ver com isso, lei é lei”. Lamentavelmente,
nestes dois casos em tela, a regra não é tão clara, como apregoa o infame
bordão, de um dos idiotas de plantão, da Vênus Platinada.
O tribunal irá decidir o que o destino já selou. E qualquer que seja o resultado a ser apregoado pelos doutores da lei, o mais certo é que futebol brasileiro sairá perdendo. E perderá muito mais caso a justiça seja solapada pela vaidade, pela prepotência e pela ambição desmedida das partes interessadas.
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