sexta-feira, 18 de março de 2022

Amazon + MGM

E a Amazon anunciou ontem a conclusão da compra do estúdio cinematográfico MGM. Com US$ 8,45 bilhões (cerca de R$ 45 bilhões), o negócio é a segunda maior aquisição na história da gigante do comércio eletrônico, ficando atrás apenas na compra da Whole Foods, em 2017, por US$ 13,7 bilhões. A aquisição do estúdio teve início em maio de 2021 e não foi questionada pela Comissão Federal de Comércio americana. Entre as principais franquias da MGM estão os filmes de “James Bond” e “Rocky”.

https://techcrunch.com/2022/03/17/amazon-completes-its-8-5-billion-acquisition-of-mgm/?utm_source=meio&utm_medium=email

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Jornadas da Comunicação


HOJE, 07 de agosto às 19h00, o tema da quarta e última jornada será sobre as "Novas Janelas Para o Esporte" abertas com as tecnologias digitais, com os professores Luiz Léo e Alexandre Carauta.
Mediador: Prof. Mauro Silveira
Assista em https://ecoa.puc-rio.br/#/event-detail/284
––––––––––––––––––––––––––––
As JORNADAS DA COMUNICAÇÃO são uma iniciativa do Departamento de Comunicação que trarão 4 lives com o objetivo de dialogar com o mercado abordando vivências na comunicação.
Apoio: ECOA PUCRIO


















HOJE, 07 de agosto às 19h00, o tema da quarta e última jornada será sobre as "Novas Janelas Para o Esporte" abertas com as tecnologias digitais, com os professores Luiz Léo e Alexandre Carauta.
Mediador: Prof. Mauro Silveira
Assista em https://ecoa.puc-rio.br/#/event-detail/284
––––––––––––––––––––––––––––
As JORNADAS DA COMUNICAÇÃO são uma iniciativa do Departamento de Comunicação que trarão 4 lives com o objetivo de dialogar com o mercado abordando vivências na comunicação.
Apoio: ECOA PUCRIO






Jornadas da Comunicação

 Departamento de Comunicação Social - PUC-Rio .:.


Profissionais e professores debatem os rumos e desafios do mercado em encontros ao vivo. Participe

O planejamento da vida profissional, os rumos do audiovisual e dos formatos culturais, as perspectivas da cobertura esportiva. Alinhados às mudanças na comunicação derivadas das transformações digitais e da pandemia, esses temas integram a largada, na próxima semana, da série de lives com profissionais e professores da área planejadas para o segundo semestre. A programação inaugura as Jornadas da Comunicação, um conjunto de palestras, debates e entrevistas, em vídeos e podcasts, que estreitam o diálogo entre a universidade e mercado.

As quatro primeiras lives, entre os dias 4 e 7 de agosto, vão reunir os jornalistas Arthur Dapieve, André Trigueiro e Luís Nachbin, o historiador e escritor Paulo Cesar Araújo, as psicólogas Sandra Korman e Madalena Sapucaia e o especialista em marketing esportivo Luiz Léo, todos professores da PUC-Rio, e donos de extensa vivência profissional. Os encnntros ao vivo, abertos à participação do público, depois ficarão disponíuveis no canal do Departamento de Comunicação no YouTube e na recém-lançada plataforma agregadora de vídeos ECOA PUC-Rio.

Na live de abertura, terça-feira, dia 4, às 19h, Sandra Korman e Madalena Sapucaia vão conversar sobre planejamento de vida profissonal, tema do qual Sandra é professora e consultora há mais de 20 anos. Com a mediação do jornalista e professor Alexandre Carauta, elas debaterão, por exemolo, os impactos da pandemia na estruturação dos planos de carreira.

Já a segunda live, na quarta (5), às 10h30, vai se debruçar sobre os rumos do audiovisual. Com 30 anos de experiência em televisão, André Trigueiro e Luís Nachbin vão discutir, em especial, como as reconfigurações midiáticas podem contribuir para a cidadania e vida sustentável. A mediação será da também jornalista e professora Bruna Aucar.

O terceiro encontro ao vivo, na quinta (6), às 19h, reunirá os jornalistas e escritores Arthur Dapieve e Paulo Cesar Araújo. O papo vai girar em torno dos horizontes culturais na comunicação contemporânea. A mediação será do também jornalista, professor e escritor Mauro Silveira. 

No dia seguinte, sexta (7), às 19h, será a vez de Mauro conduzir o papo entre Luiz Léo e Alexandre Carauta sobre as novas janelas para o esporte abertas com as tecnologias digitais. Envolvem desde os novos modelos de negócios e formatos publicitários até as ascendentes transmissões por streaming.

Para participar das lives que abrem as Jornadas da Comunicação, basta clicar nos links abaixo:

4 de agosto, às 19h: Planejando a vida profissional

5 de agosto, às 10:30h: Rumos do audiovisual e sustentabilidade

6 de agosto, às 19h: Horizontes culturais

7 de agosto, às 19h: Novas janelas esportivas

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Diretora do Repórteres Sem Fronteira debate os desafios da imprensa livre


Os desafios de uma imprensa alinhada a preceitos democráticos, como um efetivo vetor de liberdade e pluralidade de informações e opiniões, são o fio condutor da palestra, nesta sexta (22), às 9h, no auditório K102, da diretora regional do Repórteres sem Fronteiras na América Latina, Nube Álvarez, também responsável pelo projeto do Media Ownership Monitor. A iniciativa é organizada pelos professores do Departamento de Comunicação Social Mariana Palmeira e Luiz Léo. 


 http://www.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=2463&sid=20

sexta-feira, 12 de julho de 2019

A lógica Baú da Felicidade da "nova" previdência




Que Sílvio Santos é um gênio, não resta dúvidas. Saiu do nada, vendendo suas quinquilharias nos trens dos subúrbios cariocas até se tornar dono de concessão de emissora de TV - arranjo gentil obtido junto aos ditadores de plantão, durante o regime golpista militar dos anos 80.
O propósito da concessão era criar um “contraponto” ao sistema monopólico da família Marinho, detentora de quase tudo em termos de comunicação, no Brasil. Silvio prosperou como empresário de comunicação, mas seu dom para os negócios o levou ainda mais longe.
Das atividades ligadas às mídias, migrou para os segmentos financeiro e comercial, concebendo um de seus produtos de maior sucesso: o Baú da Felicidade. Misto de consórcio com carnê de mercadorias, o “patrão” provou ter o toque de Midas – por baixo da alma de camelô.
A magia do "produto" esconde uma perversidade: adimplente, o comprador do carnê concorre a prêmios, sorteados durante a programação do SBT. Não contemplado pelos sorteios, pode trocar o saldo acumulado do carnê em produtos nas lojas do Baú. Onde mora o diabo desta conta ? Na alta taxa de inadimplência dos “consumidores”. Uma vez em débito com o carnê, o infeliz “comprador” da Felicidade não pode concorrer à sorteios nem trocar saldo por produtos.
Quem ganha com isso ? A resposta mais óbvia seria SS. Mas, no atual contexto de Brasil, que vive às voltas com uma "reforma" da previdência que tira dos pobres sem tocar nos privilégios dos mais favorecidos, algum paralelismo com o “Peru que Fala” da TV é inevitável.
A "nova" previdência, alardeada como solução para o “Brasil do futuro” exige dos contribuintes pesados sacrifícios, sem uma perspectiva de retorno plausível. Em um país que oferece uma expectativa de vida de 76 anos (IBGE), o trabalhador precisará alongar sua vida útil até o limite extremo de suas forças, quando, por uma incongruência perversa, já não “servirá” mais.
Afinal, a realidade do mercado é bem diferente do mundo idílico dos mandatários do projeto de "reforma" previdenciária. Quanto mais “velho”, mais chances do contribuinte ser eliminado da ativa, bem antes de conseguir completar os critérios mínimos de contribuição exigidos pela "reforma".
É a tal lógica do Baú às avessas: uma infelicidade só ! E justo para aqueles que mais precisam de dignidade para enfrentar um final de vida com algum conforto, no atendimento das necessidades que a idade impõe a quem consegue vencer a barreira do tempo - neste mundo hostil e implacável.
Pela lógica do “Baú”, o contribuinte precisará pagar longos e penosos anos à “nova” previdência, na expectativa de assegurar um final de vida minimamente decente. Mas, na prática, a própria vida (diga-se, o mercado) se encarregará de gerar os inadimplentes – que não levarão nada daquilo que acumularam ao longo de anos; e muito menos deixarão alguma coisa para seus descendentes.
Naturalmente, esta "conta" ficará para a Viúva - aquela Velha e Gorda Senhora, que nunca cansa de cobrir de benesses, vantagens e acúmulos aqueles que já tanto tem...
Conta sórdida. Mecanismo (este sim !), escuso. E o pato desta história ? Ah, está contando os dias para assumir seu posto no STF. Com salário, benefícios e aposentadoria de causar inveja a toda essa gente - inclusive, aqueles que vão morrer de fome...

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Mercado do esporte em debate na Universidade

 Por: Natália Oliveira.

A III Semana de Marketing Esportivo ocorre na terça, 24, e na quinta- feira, 26, das 9h30 às 12h30, na sala 102-K. Promovido pelos alunos da disciplina de Marketing Esportivo, do Departamento de Comunicação Social, o encontro será composto por painéis sobre esporte como plataforma de interesses comerciais e os desafios da promoção do esporte como negócio. O professor da disciplina Luiz Léo e a aluna Camila Lassance, uma das colaboradoras para o projeto, dão detalhes da programação.

 

 Professor Luiz Léo e Camila Lassance. Foto: Isabella Lacerda
Professor Luiz Léo e Camila Lassance. Foto: Isabella Lacerda

Qual é objetivo da III Semana de Marketing Esportivo?

Luiz Léo: A semana é uma espécie de laboratório de exercício para os alunos coordenado por mim. Eu os divido em três áreas: produção, comunicação e comercial, com o objetivo de trazer profissionais de esporte para dentro da Universidade e compartilhar informações. Além disso, quero possibilitar para eles uma experiência de mercado, ou seja, como lidar com profissionais para entregar um produto final. Nesse caso, o produto é montar um painel esportivo ainda não explorado pela mídia e de interesse de alguém interessado em esporte dentro da PUC-Rio.

 

Como será a programação da semana?

Léo: A programação desta edição está diferente e mais compacta. Serão apenas dois painéis de discussão com profissionais de fora. No dia 24, vamos ouvir executivos de agências de marketing esportivo, mediado pela repórter Monique Cardone, do SporTV, para entender os desafios de gerar recursos para dentro do universo esportivo. Já no dia 26, mediado pelo comentarista Getúlio Vargas, do Esporte Interativo, vamos trazer personalidades do esporte, como os jogadores de basquete Carlos Monteiro e Ricardo Trade, e de rugby Agustin Danza, para saber como usam o marketing para se beneficiarem dentro do cenário esportivo.

Camila Lassance: Em cada dia teremos convidados e mediadores, pela primeira vez jornalistas e não professores, inseridos no mercado esportivo. Apesar de ser um painel voltado para o mercado, a intenção é fazer um debate informal para que os alunos se sintam à vontade para trocar informações com os profissionais.

 

A quem o encontro é destinado?

Léo: Os convidados falarão das próprias noções de marketing, e a proposta é trocar informações. O encontro é para quem é entusiasmado por esporte, como alunos, profissionais em início de carreira e interessados na temática esportiva. 

 

Qual é o papel dos alunos na realização do encontro?

Camila: O professor deixa bem claro que é algo feito pelos alunos e para os alunos. Para mim, é colocar em prática o que aprendemos durante as aulas e adquirir mais conhecimento.

Léo: Eu coloco os alunos para divulgarem o encontro dentro das redes sociais, como Facebook e Instagram, porque marketing é ligado à mídia. Auxilio os alunos a recepcionar e negociar com um profissional por e-mail ou pessoalmente e como fazer a infraestrutura do debate, por exemplo, verificar qual é o melhor espaço físico.

 

Como o encontro pode aproximar a Universidade com o mercado?

Camila: Eu sentia falta de estar em contato com o mercado, sempre gostei de me envolver nas atividades dentro da Universidade, e a disciplina Marketing Esportivo fez com que eu entrasse em contato com profissionais. Eu consegui fazer uma parceria financeira com uma rede de academias a partir de uma amiga que trabalha na direção de arte. Pedi o contato da área de marketing e eles se interessaram pelo projeto. O professor Luiz Léo me auxiliou no contato com os profissionais e é algo que vou levar para a minha vida profissional.

Publicada em: 20/10/2017Ver matérias da seção: Entrevista

http://pucurgente.vrc.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=13263&sid=9

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Jô "Il mano dos loucos"


Resultado de imagem para jô gol ilegal


O episódio esportivo do final de semana tupiniquim, Jô “Il mano dos loucos”, deveria levar a uma reflexão sobre o Brasil. O ato ilícito, condenável e vergonhoso do atleta corintiano revela muito do que somos como sociedade. No magro placar da peleja, caberia uma Alemanha inteira de vergonha. Só é bom lembrar que o jogo sujo, na relva, não nasceu pelas mãos de Jô. Somos rápidos em esquecer os fatos, mas a realidade é que os ex dirigentes da entidade que comanda o futebol brazuca continuam presos ou procurados por aí, enquanto seus sucessores não arriscam sequer uma ponte aérea.

São personagens “menores”, de um enredo nebuloso, que envolve corrupção, nepotismo, apropriação indébita, falcatrua, numa lista interminável de crimes que avança como bola de “neve” (embora a “pasta branca” também faça parte do rol dos investigados). Na marca do cal, a elite dirigencial brasileira – entre agentes públicos e privados. Em todos os níveis somam-se escândalos e denúncias envolvendo o uso arbitrário do poder para a obtenção de vantagens indevidas. E, neste jogo, ninguém xinga os juízes. Aliás, alguns dos togados são até vistos como heróis! De verde amarelo.

Bons tempos aqueles em que os ídolos calçavam chuteiras – e não faziam beicinho quando eram contrariados. Hoje, quem joga com a dez é o Messias (quiça, "agora vai!", do Juízo Final) – que por não fazer chover gols, se arranja com as promessas dos caminhos das Minas para o mar. Legítimo cabeça de bagre no jogo de corpo (e do espírito) é craque na catimba e na malandragem a serviço da ignorância alheia. A única tática que entende, "jogador ruim", é o ódio e a violência. E, pernas de pau, estão sempre prontos para pular o alambrado e resolver tudo na mão – olha ela aí!

João Alves de Assis Silva, o nome do “mão boba” da vez é só mais um dentre nós, que julgamos ser possível, na mão grande, levar uma vantagenzinha qualquer – quem nunca ? Da furada de fila, ao estacionamento em vaga proibida, à ocupação do assento preferencial nos transportes públicos, vamos deixando nossas impressões digitais por aí. Dado ser implausível a transmissão de tais pequenos delitos em cadeia nacional, seguimos em frente, espinha ereta, coração tranquilo e a mente delinquente, sem um pingo de arrependimento, as faces bronzeadas trabalhadas no óleo de peroba.

Em um país que passou a viver um escândalo por dia ficamos indignados mesmo é com o jogador pé de chinelo que “maradonou”, sem esconder o sorriso alvo dos dentes. Vergonha com esconderijos abarrotados de dinheiro vivo, nenhuma. Constrangimento com presidentes acusados formalmente de roubo, nem pensar. Senador que manda matar, também se tolera – é só o primo, né ? “La famiglia il tutti buona gente”. E de 7x1 em 7x1 segue la pelota. O 1x0 mirrado, sofrido e roubado, de domingo, na Arena de Itaquera é a síndrome da nossa quinta divisão pátria. Com direito a pentacampeonato...

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

É o dinheiro, estúpido !

Image result for neymar mercenário montagem

Quanto vale um jogador de futebol ? Se o boleiro em questão for o Neymar, a resposta é exatos 220 milhões de euros (ou mais, dependendo da idoneidade dos envolvidos na transação). Esta cifra equivaleria mais ou menos o mesmo que o antigo dito popular: “o céu é o limite”. Mas, para os donos dos petrodólares que desembolsaram a cifra, “dinheiro pouco é bobagem”. La pelota que se siga. E dane-se o bom senso (ou o Fair Play financeiro da dona UEFA, se preferirem).

Nada tenho a ver com a vida, as escolhas privadas e muito menos com os destinos futebolísticos do, agora, ex-craque do Barça. Na Real, prefiro o Madrid. E nem o fato de simpatizar pouco com o estilo meio brega, quase sempre forçado, do enjeitado Menino da Vila embota a minha avaliação do seu futebol – que é de gente grande. Só não bato muito é com Santo da cria de Santos. Em termos de idolatria, fico com os grandes do passado, com menos dinheiro no bolso e mais integridade na alma.

Mas, a reflexão aqui tem outros personagens. Afinal, jogador mercenário virou regra. Ou atire a primeira bola quem não gostaria de estar no lugar do camisa onze da vez. O dinheiro é o que verdadeiramente comanda a lógica do consumo esportivo. Paixão é para os trouxas – que, invariavelmente, são os que se fantasiam com os produtos vendidos a preços extorsivos nas lojas oficiais dos clubes, compram os (cada vez mais caros) ingressos dos jogos, assinam os canais e pacotes de transmissão fechados (pagando duas vezes pelo mesmo serviço, capisce?) e outras tantas excentricidades do sport business de ocasião.

Nas lições ensinadas pelo velho Marx, só o Capital é o que importa – dinheiro reproduzindo dinheiro, sem qualquer sentido prático, lastro material ou propósito em si – o que na linha de raciocínio de Oscar Wilde nos levou à dura encruzilhada de “saber o preço de tudo, mas o valor de nada”. Uma tosca razão do “ter” sepultando completamente os sentidos do “ser”. É, aliás, um francês (e não o PSG) quem nos dá o tom destes tempos sombrios, com sua noção de “sociedade do espetáculo”: Guy Débord, cuja crítica à vida de contemplação e consumo passivo das imagens, reproduzidas à exaustão, traduziria aquilo em que nos transformamos, hoje, enquanto sujeitos.

Acomodados, insensíveis, simplesmente acompanhamos a bola rolar e o mundo girar em meio a uma era que Ladislau Dowbor define como a do “capitalismo improdutivo” – em que menos de dez famílias lideradas por homens brancos concentram uma riqueza proporcional a de quase metade dos habitantes do planeta. Era de incomensurável devastação ambiental, extrema corrupção financeira e polarizações ideológicas crescentes. Mas, a bola continua a rodar, porque, afinal, “the show must go on”. A FIFA com seus digníssimos mandatários, asseclas e patrocinadores, que o diga.

E isso nos traz, de volta, ao que interessa. O episódio Neymar começa com um ilustre e endinheirado sheik de turbante, que “invade” o mundo do futebol e conquista Paris. Poderia ser roteiro dos Vikings, mas é uma história das Arábias. Na capital francesa compra um clube e todos os reforços que a conta bancária permite alcançar – e, aqui, devemos lembrar a frase do início: para os petrodólares, “o céu é o limite”. Do mesmo centro da Europa, comanda uma mega operação financeira que termina na aquisição do direito de sediar uma edição de Copa do Mundo no longuínquo, quente e insignificante (futebolisticamente falando) Qatar. Insinuações de suborno à parte, um tremendo mico.

A cereja desse bolo de areias desérticas e escaldantes é o intrépido, ousado e humilde Júnior – vulgo Ney, só para os parças. A nova mudança de ares lhe trará muito mais dinheiro do que as suas futuras gerações serão capazes de gastar. Dinheiro. Sempre o dinheiro. Do primeiro ao último lugar. De Santos para Barcelona. De Barcelona para Paris. Parece pouco para um universo esportivo, em que as transferências ocorrem com a mesma velocidade com que as empresas de material esportivo trocam de uniformes de clubes – a cada meia temporada. Mas, não se deixe iludir pela pouca rotatividade da jovem celebridade do escrete canarinho: NJR estará sempre onde houver o aceno de mais dinheiro que lhe possam pagar. Esta é uma marca que nem os seus gols conseguirão apagar.

Carma espiritual ou puro interesse material ? Egoísmo ? Ingratidão ? Tanto faz, play ! Que se danem os escrúpulos, porque, até para isso, o credo do (neo)liberalismo tem a resposta: é a economia, estúpido ! Esforce-se que serás recompensado. Só os fortes sobrevivem. No amor e na guerra vale tudo. É a livre iniciativa, irmão ! Amém ? Bem, os invejosos irão dizer que o meu texto está carregado de frases feitas, pensamentos retrógrados e pura dor de cotovelo. Mas, vou logo dizendo: se não queres comprar as minhas ideias, não atrapalhes o meu desabafo, tá ? ; )

quinta-feira, 27 de julho de 2017



Lamentavelmente a sua hora vai chegar

Está cada dia mais difícil defender o Zé. E olha que sou da trupe da resistência. Dos que não envergam fácil com as burras unanimidades das redes sociais – a propósito, me pergunto o que estaria escrevendo o velho Nelson, diante da profusão de nonsense da vida online.

Noves fora as unanimidades, minha premissa é a de sempre: valem mais os ideais do que a lógica. Romântico, ainda me deixo seduzir por um clássico aforismo gaveano: “craque a gente faz em casa”. O Zé é cria de lá ! Se formou dentro das quadras rubro-negras, como treinador de futsal. Evoluiu na carreira aos poucos, conquistando seu espaço com inteligência e serenidade.

E como qualquer jovem talento, oscila. É natural. Erros fazem parte do aprendizado, embora a profissão escolhida não permita os excessos. Existem sempre os 190 milhões de concorrentes para dar pixotada na escalação alheia, na tática adotada, nas substituições equivocadas.

Ser professor no Brasil não é moleza ! Dentro ou fora de campo J. É mais fácil matar um leão de juba grande por dia. E num clube como o Flamengo a potencia dos desacertos é multiplicada pelo número de estrelas do céu. A passagem para o inferno vai num pulo.

Desde que substituiu o “sabe-tudo” Murici Ramalho, o treinador do Flamengo vem entregando bons resultados. Na temporada 2016 classificou um elenco desacreditado para a Libertadores. E, mais importante do que a classificação, proporcionou uma enorme evolução à equipe, que chegou a lutar pela conquista do título nacional. Cheirou e não levou. Mas, foi por pouco.

O bom trabalho gerou expectativas para a atual temporada. O clube deu um ótimo respaldo à turma do gramado, com uma governança equilibrada e metas administrativas alinhadas a uma projeção otimista de resultados técnicos dentro do campo. Trabalho planejado desde o início da temporada, montagem de elenco, contratações aos baldes (algumas de oportunidade, cujo timing e efetividade são discutíveis). Tinha tudo para funcionar.

E funcionou ! Pela segunda temporada seguida o Flamengo está na parte de cima da tabela da principal competição nacional. Foi campeão estadual. Está na semifinal da Copa do Brasil. Não é pouca coisa. Em números são 47 jogos oficiais, com 27 vitórias, 14 empates e 06 derrotas, com 88 gols marcados e 39 sofridos. Aproveitamento próximo aos 60%. Melhor do que a maioria dos medalhões que figuraram na Gávea, nos últimos anos.

Mas, a eliminação na Libertadores ainda assombra os mais incautos. Mesmo que tenha sido a primeira vez do treinador, entra na sua conta a frustração por uma sequencia constrangedora de eliminações nas primeiras fases da competição continental. Desde lá, as perseguições se intensificaram. As cobranças ganharam contornos de histeria. Da torcida, por funcionar no termômetro da paixão – que é péssima conselheira. Da crônica, por se considerar mais sabida que os que calçam as chuteiras e vivem a dura rotina dos gramados. Do conforto de uma poltrona ou da segurança de um estúdio (e/ou redação) todos tem a receita fácil do sucesso.

É uma pressão incompreensível e contraprodutiva. Trabalha contra o próprio patrimônio. Não bastassem os constantes reclames dos injustiçados, fundadas na estapafúrdia teoria do apito amigo, os próprios rubro-negros geram uma atmosfera de constrangimento que só atrapalha. Tira o equilíbrio de quem mais necessita de tranquilidade para desempenhar com competência seu papel: técnico e jogadores. No climão de fora todo mundo, nem o Vaz se acerta (como se isso fosse possível)...

O jogo contra o Santos é um claro reflexo da atmosfera pesada que paira sobre a Gávea. Escalação equivocada, atuações abaixo da crítica e o fantasma que reaparece a cada decisão. O Flamengo involui e isso é óbvio. Como óbvia também deveria ser a constatação que as pressões excessivas só atrapalham, contribuindo, mais do que tudo, para os retrocessos.

Não fosse um país que vive o futebol com o ardor que deveria dedicar à política – muito mais relevante, aliás –, estaríamos seguros que, apesar das naturais adversidades, a nau está no destino certo. A tripulação é talentosa e o comandante sabe onde quer – e pode – chegar. A histeria coletiva acabará promovendo uma lamentável insubordinação a bordo, que levará à degola daquele que, houvesse paciência e bom senso, poderia se tornar um técnico de futuro.

Mas, apesar da resistência admirável dos seus atuais mandatários, tudo indica que o Flamengo retomará a velha sina de desvalorizar a quem formou e prestigiar os que se dizem rubro-negros de ocasião – de olho numa boa oportunidade de mercado. Um passo para trás dentro dos gramados, em completo desalinho com os acertos na administração da entidade. Tomara que, não apenas o Zé esteja errado de tudo – e de todos – desta vez.

domingo, 9 de julho de 2017

Muito aquém do futebol

Related image
Foto: O Globo

Se alguém me perguntasse quem venceu o último clássico dos milhões, disputado em São Januário, numa fria noite de sábado, eu diria, sem pestanejar: o ódio. E de goleada.

O que era para ser apenas mais um jogo, terminou muito mal. Flamengo e Vasco (que, fosse qualquer país sério, teria tido como palco o Maracanã), nunca é um jogo qualquer. Há sempre algo a mais no ar. Envolve uma rivalidade maior do que qualquer competição em si.

E o clássico da vez tinha hora e lugar (sobretudo lugar) para dar errado. Não se trata de apostolar sobre a catástrofe, quando já acontecida. É um simples exercício de lógica.

Com Maracanã inviabilizado pela incompetência pública, São Januário foi reformado para sediar os jogos do Vasco da Gama como mandante. É justo e compreensível que seus dirigentes decidam usar o equipamento para recuperar os investimentos e assegurar boa performance técnica à equipe, que treina e se sente a vontade jogando em seus domínios.

Porém, um clássico é um clássico. E como, dito antes, não é um clássico qualquer. Envolve as torcidas com a maior animosidade por metro quadrado da cidade. Uma cidade já combalida por crises em todos os seus setores, com governantes presos, delinquência nas ruas e situação econômica pré-falimentar (acerca da qual, o Maracanã é uma das muitas e trágicas evidências). Um jogo dentro de uma cidade que vive à sombra de um desastre. E, neste clima, a partida foi marcada para um local, cuja logística é sabidamente preocupante.

Fosse qualquer jogo, este seria um mero detalhe. Mas, aquele envolvia um Vasco da Gama em dificuldades no campeonato nacional, após o retorno de (mais) um rebaixamento. Uma equipe cujos números na classificação não enganam nem os mais fanáticos torcedores. E que só não está em situação pior, por conta dos resultados que tem conseguido dentro de casa.

Do outro lado, o maior rival. Um time em franca ascensão, após um início titubeante. E por trás deste time, uma torcida gigantesca, mordida pelos últimos insucessos, em série, para o principal adversário. O terceiro contra o sexto, se os números da classificação fossem críveis.

A partida em si tornou-se o de menos. As cenas de batalha campal ocuparam todas as atenções de quem estava acompanhando a transmissão –e de quem tomou conhecimento da guerra, na velocidade das redes sociais. Mal soou o apito decretando o final da disputa, as arquibancadas ocupadas por 95% de vascaínos ganharam ares de trincheiras, com os “soldados” da vez atirando suas bombas, rojões e tudo o mais que encontrassem pela frente.

O que causou a deflagração ? Insatisfação com o resultado (o Flamengo venceu por magro e suado 1 x 0) ? Erros da arbitragem (péssima, como sempre e sempre) ? Provocações dos rivais (em infinito menor número e completamente acuados no curral a eles reservado) ?

Nos próximos dias, o noticiário policial irá trazer respostas. Espera-se que a polícia, afinal, consiga fazer o seu papel. Ou não. Para o “tranquilo” presidente vascaíno, a culpa é “deles” (dos outros). Erro de revista da PM, que "deixou entrar" verdadeiro arsenal no estádio. No estilo Eurico, barba mal feita, ranho escorrendo pelo nariz: “a culpa é da política”!

Ah, a política. Pelo menos nessa, o ex-deputado meteu um golaço. Tirou o corpo fora (como sempre), mas jogou a bomba (a derradeira ?), no colo de quem, de fato, merece cada cartão vermelho que lhes couber aplicar. As tensões acumuladas na cidade e no país, não são um mero detalhe. O que se vê na atualidade é de assustar selvagens. Menos aqueles que vestiam a cruz de malta na noite de sábado. Para eles, a Cruzada será sempre na próxima Colina.

E o ódio venceu. Mais uma vez...

LL

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O mundo do esporte

 Por: Erick Foti/Fotos: Gabriel Molon



A II Semana de Marketing Esportivo ocorre na terça, 8, e quinta-feira, 10. Profissionais do mercado de esportes estarão na Universidade para discutir temas da atualidade na área. Os debates ocorrerão das 9h às 12h e das 14h às 17h, na sala 102-K. O professor do Departamento de Comunicação Social e coordenador do projeto, Luiz Léo, e o aluno da disciplina de Marketing Esportivo Matheus Paulo Melgaço comentam a programação dos encontros e os objetivos da iniciativa, que foi organizada pelos alunos da disciplina.

Qual o objetivo da II Semana de Marketing Esportivo?

Luiz Léo: Este é um projeto desenvolvido pelos alunos da disciplina de marketing esportivo e coordenado por mim. Tivemos a primeira edição em 2015.2 e temos a proposta de colocar os encontros como parte do calendário anual, trazendo profissionais do mercado de esportes, com ênfase na gestão esportiva, para discutir temas da atualidade. A formatação da Semana de Marketing Esportivo é feita pelos alunos, e eu trabalho junto deles para coordenar e viabilizar o projeto. O verdadeiro espírito da semana é ser uma iniciativa coletiva.

Matheus Paulo Melgaço: O interessante deste encontro é manter o trabalho dos alunos como linha de frente. O professor Luiz Léo nos ajuda com a burocracia e processos que fazem parte da organização desses encontros. O sucesso ou o insucesso da iniciativa se deve ao quanto os alunos se dedicam para realizá-lo.

Como será a programação desta semana?

Matheus: Serão quatro painéis, assim como no ano passado. Na terça-feira, haverá, na primeira mesa, uma discussão sobre o mercado esportivo após a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Teremos também, assim como no ano passado, um painel dedicado aos quatro grandes clubes cariocas e como eles estão vendo os negócios relacionados ao futebol. Na quinta-feira, 10, vamos trazer um painel falando de investimento no esporte, que é um dos displays movedores dessa indústria. Além disso, convidaremos jornalistas de alguns veículos para falar na última mesa sobre a relação entre mídia e esporte.

Luiz Léo: Esses temas têm um universo de assuntos que serão discutidos. Tentamos combinar assuntos mais importantes no momento, com temas que são sempre importantes. Por exemplo, a relação entre a mídia e o marketing é um tema atemporal, porque sem mídia não existe marketing. Os clubes de futebol do Rio de Janeiro são outra temática que nunca ficará ultrapassada. Além disso, mesclamos com temas novos e pontuais. O Rio realizou o maior evento esportivo do mundo, que é a Olimpíada, e fica a discussão do que será do mercado de marketing esportivo após os Jogos.

Como ocorre a participação dos alunos na preparação desses encontros?

Matheus: A participação dos alunos na formatação dos encontros, em como comunicá-lo, vendê-lo, é muito interessante. Além disso, os alunos que não participam da organização, mas têm interesse nessa área, usufruem dos painéis como uma plataforma de networking para pegar o contato de algum profissional inserido no mercado esportivo. Podem surgir novas oportunidades a partir dessa aproximação. Os contatos que fiz na primeira edição me ajudaram bastante para entrar nesse mercado.

Luiz Léo: Não é por acaso que o Matheus está aqui. Ele é uma evidência de como os encontros podem ser eficientes para os estudantes. Na primeira edição da Semana de Marketing Esportivo, ele participou mesmo sem cursar a disciplina. Agora, como aluno da matéria, está ajudando na organização do projeto. Matheus está começando em uma grande agência de marketing esportivo, a Chime Sports Marketing (CSM). É uma prova de que a proposta, de alguma maneira, se realiza. Ele ajudou na primeira edição, fez o networking, se encantou pela área e, agora, está atuando nela.

Publicada em: 04/11/2016Ver matérias da seção: Entrevista

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Plataformas digitais e o mercado de esportes

Por: José Rodrigo Salgueiro/foto: Gabriel Molon



Olímpiada 3.0: como as Plataformas Digitais mudam a Cobertura e o Mercado Esportivo é o tema da mesa-redonda que discutirá sobre os desafios e oportunidades dos meios digitais no jornalismo e no marketing esportivo. O debate vai reunir a repórter do Sportv Marina Izidro, os executivos Eduardo Mansell, do diário Lance!, e Álvaro Oliveira, da CBN, e o diretor de comunicação da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Roberto Falcão. O encontro será mediado pelo jornalista Alexandre Carauta, que apresenta o talk show O Negócio é Esporte, e o publicitário Luiz Léo, ambos professores do Departamento de Comunicação Social. O encontro será na terça-feira, 28, das 9h30 às 12h30, na sala 102-K.

Qual o objetivo da mesa-redonda?

Alexandre Carauta: A ideia é discutir como o consumo crescente de informações nas plataformas digitais se reflete na cobertura jornalística e nos produtos de mídia associados ao mercado esportivo. O pano de fundo do debate são os Jogos Olímpicos do Rio. A iniciativa conjunta das disciplinas de Jornalismo Esportivo e Marketing Esportivo busca refletir, com profissionais da área, sobre os caminhos e desafios decorrentes dessa nova realidade.

Qual a importância de debater o assunto neste momento em que o Brasil vive a expectativa das Olimpíadas?

Luiz Léo: Ao discutir o fenômeno esportivo sobre as óticas do jornalismo e do marketing esportivo, damos a oportunidade para o aluno ampliar a percepção sobre as mudanças em curso nesses segmentos, porque hoje há uma demanda de produzir conhecimento sobre o esporte. Trazer profissionais de mercado aqui contribui para isso porque a discussão não se torna meramente acadêmica. Eles vêm trazer um pouco da realidade prática, tanto no âmbito da comunicação esportiva quanto do marketing.

Como foi a escolha do tema?

Carauta: Para se ajustarem ao avanço das plataformas digitais, inclusive as móveis, o mercado esportivo e a cobertura jornalística têm buscado novos produtos, novos formatos. Com a proximidade dos Jogos Olímpicos, que está entre os principais produtos do mercado esportivo, achamos oportuno discutir como as mudanças na produção jornalística e no consumo se materializam no ambiente da Rio 2016.

Como vai ser o desenrolar do debate?

Carauta: O debate será mediado por mim e pelo publicitário Luiz Léo, que ministra a disciplina Marketing Esportivo. Assim, alinhados aos esforços interdisciplinares da Universidade, pretendemos organizar outras iniciativas integradas entre o jornalismo e o marketing esportivo.

Léo: O encontro é aberto não só aos alunos das duas disciplinas como também a todos que têm interesse pelo assunto e por esporte, de uma maneira geral.

Quem são os profissionais convidados?

Carauta: A repórter do canal Sportv Marina Izidro vai contar como o digital já mudou a rotina da cobertura olímpica. Os executivos Álvaro Oliveira Filho, da rádio CBN, e Eduardo Mansell, do diário Lance! , vão explicar como as novas tecnologias têm se refletido na formatação de produtos de informação. E o diretor de comunicação da Confederação Brasileira de Vôlei, Roberto Falcão, ex-gerente de comunicação do Pan 2007, vai detalhar as estratégias do vôlei brasileiro como produto de mídia. Todos os convidados são jornalistas e estão alinhados com a proposta de pensar nos novos caminhos do jornalismo e do marketing dentro do esporte.

Publicada em: 24/06/2016Ver matérias da seção: Entrevista
http://pucurgente.vrc.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=10300&sid=9

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Clubes investem em canais no Youtube e estádios interativos

Lucas Paes* - aplicativo - Do Portal
25/11/2015
Foto: Thayana Pelluso
 Foto: Thayana Pelluso
As tecnologias digitais comandam, entre outras mudanças significativas, novas formas de relacionamento entre clubes e torcedores, ou fãs, como prefere chamar a turma do marketing. O banho de bola do Barcelona sobre o Real Madrid (4 a 0), sábado passado, na capital madrilenha, foi um dos assuntos mais comentados do Twitter no mundo. No Facebook, os gigantes espanhois somam 175 milhões de seguidores. Boa parte deles sustenta os faturamentos anunais acima de meio bilhão de euros. Juntos, os canais de Barça e Real no Youtube contabilizam, em oito anos, cerca de 500 milhões de visualização. "Tudo o que fazemos no Facebook e no Twitter gera muito valor e patrocínio em nível global. O torcedor vive o futebol não só pela TV ou no estádio, e não só quando há partidas. Pelo celular, ele vê jogos novos e antigos. Também se atualiza e mergulha  no dia a dia dos jogadores.Fica sabendo, por exemplo, como treina o Neymar", destaca o diretor comercial do Barcelona, Laurent Colette, em entrevista ao programa O Negócio é Esporte.
Reforço à mina de ouro criada pelas principais grifes do futebol mundial, como Barcelona, Real, Manchester United e Bayern de Munique, o investimento em plataformas digitais, inclusie em canais próprios no YouTube, ensaia ser adotada de forma mais efetiva pelos congêneros do Rio. Às voltas com uma das piores temporadas no cenário nacional, executivos dos principais clubes cariocas e de mídia se articulam para converter as novas tecnologia em adubos de relacionamento com o torcedor. Assim enfatizaram participantes do I Seminário de Marketing Esportivo da PUC-Rio. No encontro organizado pelo professor de Mídias Globais Luiz Leo, especialistas discutiram os desafios e rumos do mercado esportivo.
Um dos emblemas dessa arrancada digital nos clubes é o reposicionamento das páginas eletrônicas. Deixam de reunir informações puramente institucionais e reproduções de conteúdos da mídia tradicional para assumir, como preconiza o diretor do Barcelona, um protagonismo na geração de áudios, textos e vídeos exclusivos. Consequentemente, tendem a concentrar mais ações publicitárias.
Foto:Thayana Pelluso
Foto:Thayana Pelluso
Segundo o responsável pela Comunicação Digital do Flamengo, Tiago Cordeiro, a mudança revela a intenção de se aproximar dos fãs, envolvê-lo nas histórias do clube. Intenção que ganha corpo nas redes sociais, para as quais se direcionam informações e anúncios alinhadas aos perfis dos torcedores. 
O redimensionamento da conexão entre o mercado esportivo e a mídia se reflete nas verbas e estratégias ascendentes destinadas à comunicação, sobretudo às plataformas digitais. Neste cenário, observa Cordeiro, emergem oportunidades para publicitários, RPs e jornalistas decorrentes das exigências de profissionalização:
– Na equipe, cada um faz um pouco de tudo. O pessoal da TV Fla até fica focado num canal específico, mas os demais produzem conteúdo tanto para site quanto para as redes sociais. E isso não é exclusividade do Flamengo. Assim é feito hoje na maioria dos clubes e nos veículos de informações esportivas – observa Cordeiro.
Outro símbolo da investida crescente em relacionamentos de consumo potencializados pela tecnologia digital é a concepção avançada de estádio – ou arenas, numa referência ao caráter multiuso da nova safra de espaços do gênero. Não devem mais limitar-se a sediar jogos, e sim acolher e ancorar várias opções de entretenimento. Deste cardápio diverso, ainda retórico na maioria dos estádios brasileiros, fazem parte ingredientes voltados a singularizar a experiência do torcedor. Desde visitas embaladas por recursos de realidade ampliada, como as que levam 9 milhões de turistas por ano ao estádio do Barcelona, até formas de comunicação interativa com o público. Há muito adotada por franquias das ligas esportivas dos Estados Unidos, a interatividade entre telões e espectadores, por exemplo, se torna obrigatória também no futebol. Vídeos promocionais, comerciais, músicas e entrevistas são apresentados antes, no meio e depois das partidas. Sustentam a animadação mesmo enquanto a bola não rola.
Foto:Thayana Pelluso
Foto:Thayana Pelluso
A intenção das empresas que gerenciam o entretenimento nos estádios é criar uma cultura. Nos EUA, os jogos de basquete têm os telões como um fenômeno à parte. Os torcedores chegam mais cedo e ficam esperando o que aparecerá. Aqui no Brasil, ainda não temos esse tipo de comportamento,  mas é questão de tempo. Conteúdos novos já estão sendo introduzidos, inclusive notícias – adianta o especialista em entretenimento nos estádios Diogo Obadia, da empresa SP2 Brasil, responsável pela geração de conteúdos para telões como o da Arena da Baixada.
O crescimento exponencial do consumo de informações e entretenimento em plataformas móveis dinamiza os esforços de comunicação de integrantes do mercado esportivo concentrados nos smartphones e tablets. Por meio de aplicativos específicos para cada plataforma eletrônicas, clubes, atletas e outras instituições do setor procuram desenvolver conteúdos exclusivos. Mais que isso, procuram transformá-los em ímãs para engajar o torcedor naquela produção, ou numa determinada causa, e assim torná-lo fã daquela marca.
Estimulados pela possibilidade, e pela necessidade, de gerarem os próprios conteúdos e expandirem a visibiliadde em plataformas midiáticas, esportes menos populares seguem caminho semelhante. O Comitê Paralímpico Brasileiro, por exemplo, criou uma página para divulgar as competições e explicar didaticamente as respectivas regras e a trajetória das modalidades no Brasil.
Foto:Thayana Pelluso  
Foto:Thayana Pelluso  
A lógica é aplicada por atletas e outros profissionais envolvidos com a cadeia esportiva. Caso do especialista em marketing paralímpico Victor Lee. Ele criou um site para destacar as proezas dos atletas. O Paratleta também aponta os esportes mais indicados a cada tipo de necessidade especial. Apesar do reconhecimento, Lee diz que enfrenta ainda uma séreie de obstáculos:  
– A tentativa de promover uma parcela do mercado esportivo menos conhecida esbarra em muitas dificuldades. Uma das mais sérias envolve justamente a geração de conteúdo. É muito complicado encontrar informações sobre competições e atletas paralímpicos. Não há interesse da mídia mais tradicional nos eventos e os admiradores não têm acesso ao que acontece.
Ainda assim, o mercado esportivo acelera com o inexorável combustível das tecnologias digitais. Representam não só novas maneiras de relacionamento com consumidores, mas novas exigências profissionais. Este potencial será plenamente explorado, pondera o professor de Mídias Digitais da PUC-Rio Luiz Leo, quando o setor estiver profissionalizado: 
– A associação dos esportes com as novas tecnologias é inevitável, e a tendência é de ampliação. O panorama será melhor quando as empresas esportivas conseguirem se adiantar aos avanços da tecnologia, adotando uma posição de vanguarda – projeta.