segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O campeonato que não acabou...

Flamengo, Portuguesa ou Fluminense ? Quem cai, na gangorra do Brasileirão (sem fim) ? A discussão ganhou ares empedernidos, nas últimas semanas. A bola já parou. O Cruzeiro até recebeu a faixa de campeão. Mas, os juízes, agora de toga, continuam tocando seus apitos.

O fantasma da virada de mesa, que parecia sepultado do vocabulário da crônica esportiva, voltou com força total. Argumentos de ambos os lados invocam um sem número de teses. Sob o calor das paixões, o futebol brasileiro retorna ao divã dos analistas de ocasião.

E onde (ou com quem) estará a razão ? O debate está longe de ser simples. Sobretudo porque, não se trata apenas dos aspectos jurídicos em jogo. O jogo jogado deve ter peso importante na formação da convicção dos leigos, mas também dos doutores, que tomarão posição no pleito.

Filigranas legais a parte, existe um resultado conseguido dentro do campo. A escalação dos atletas supostamente irregulares não modificou substantivamente as posições na tabela dos clubes envolvidos no imbróglio. O Fluminense foi menos competente que seus adversários.

Nos 38 jogos que fez, o clube das Laranjeiras disputou 114 pontos possíveis e obteve 46 (míseros 40,35%).  Chegou à última rodada dependendo do resultado de terceiros. Nenhum deles Portuguesa ou Flamengo, cujos resultados não modificariam em nada a sorte do Tricolor.

É certo ponderar que outros clubes que tiveram atletas suspensos de partidas acumularam algum prejuízo técnico, por não poder contar com sua força total nas disputas. Mas, a Portuguesa escalou um jogador faltando quinze minutos para o final da sua última partida.

E o Flamengo fez um jogo de entrega de faixas ! Não houve sequer concentração. Os atletas mal treinaram durante a semana anterior. Que intenção haveria em escalar um jogador irregular em uma partida que todos encaravam como mero cumprimento de tabela (que de tão evidente, teve, inclusive autorizada a antecipação do jogo para o sábado) ?

O sistema de controle da CBF é pífio. A legislação desportiva caótica. As penalidades estabelecidas pelos tribunais de esporte, risíveis. E, agora, invoca-se a legalidade ? Existe uma frase célebre no futebol que diz: “a bola pune” ! E puniu, de fato, mas puniu quem não teve competência com a bola rolando.

O campeonato já acabou. A relva verde ditou as verdadeiras sentenças. O Fluminense, talvez, não tenha mesmo nada a ver com o que está acontecendo nos bastidores. Mas, não deixa de ser feio, muito feio, se deixar levar, convenientemente, pela oportunidade que se abre nas minúcias, nas fronteiras, nos detalhes...

Ah, os detalhes... todos bem sabemos quem reside nos detalhes !


É duro admitir, mas os expedientes da chamada legalidade afrontam a moral e os bons costumes: “eu não tenho nada a ver com isso, lei é lei”. Lamentavelmente, nestes dois casos em tela, a regra não é tão clara, como apregoa o infame bordão, de um dos idiotas de plantão, da Vênus Platinada.

O tribunal irá decidir o que o destino já selou. E qualquer que seja o resultado a ser apregoado pelos doutores da lei, o mais certo é que futebol brasileiro sairá perdendo. E perderá muito mais caso a justiça seja solapada pela vaidade, pela prepotência e pela ambição desmedida das partes interessadas. 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Ode a Jayme

A conquista da Copa do Brasil, pelo Flamengo, ressuscita um debate mais antigo do que o Fla x Flu (aquele mesmo, que nasceu antes do nada): técnico ganha jogo ? A resposta esta longe de ser definitiva, mas a figura do estiloso e low profile Jayme de Almeida põe uma pá de cal, nos brios dos “phhhhhofexores”, zelosos de seus ternos bem cortados e vocabulário chulo.

O comandante rubro-negro, sem estardalhaço, fez o milagre de transformar um bando de jogadores, em uma equipe de atletas, bem treinados e comprometidos com um resultado. O elenco do Flamengo, tão contestado ao longo da temporada, revelou um equilíbrio invejável. Tendo como maior estrela a torcida, que joga junto e empurra o time onde quer que este for, Jayme fez o básico: escalou os onze possíveis e ofereceu-lhes uma proposta de jogo aceitável.

Com a fala mansa, olhar atento e jeito doce, o mister logo percebeu que não havia o que inventar. Tendo em mãos uma formação aquém das tradições da Gávea, deu-lhe, ao menos, um verniz digno das raízes vermelho e preta. Incutiu-lhes uma mentalidade vencedora. Podou egos. Repreendeu distrações. Mobilizou esforços e formou um conjunto harmônico, que manteve a tranquilidade e o foco, mesmo nos momentos de adversidade.

O Flamengo que ganhou a Copa não é o Flamengo que o torcedor se acostumou a enaltecer, ao longo de sua história de conquistas e glórias. É um time sem destaques. Aquele que deveria ter sido o craque da companhia foi um desastre ao longo da temporada. O que fora menosprezado tornou-se o artilheiro improvável. E de Cadu a Brocador, salvaram-se todos de um naufrágio anunciado.  O rubro negro terminou o ano redimindo o novo modelo de gestão do mais querido do Brasil, em meio a mística de que não se pode deixar chegar.

Agora, Jayme merece a oportunidade de ficar por uma temporada mais longa. Se os dirigentes tiverem um mínimo de juízo (e o propalado profissionalismo, tão defendido durante a campanha de Wallim/Bandeira de Mello) deveriam assegurar um horizonte estável para o treinador, cria da casa e com um perfil singular, no atual mercado. Mantê-lo significa tornar realista a meta de fazer do rubro negro uma potência, pautando-se pela regra mais elementar do esporte: administrar com a razão, explorando aquilo que de melhor a emoção puder gerar.

Jayme é o cara ! Tem competência e carisma para conduzir o clube a voos muito mais altos. Com alguns reforços, tempo para trabalhar e a garantia de continuidade, o treinador campeão pode responder dentro do campo à azeitada engenharia administrativa que está sendo construída fora dele: diminuição do endividamento, ampliação do volume de receitas, maior e melhor visibilidade, criação de novas fontes de recursos, apoio estruturado da torcida, através do programa sócio torcedor, instalações modernas e rentáveis, para o mando dos jogos, dentre outras revoluções implementadas pelos novos quadros, recém empossados.


O que não pode haver é hipocrisia. Tratar o Jayme como se fez com o igualmente campeão Andrade, dispensado ao primeiro sinal de fogo “amigo”. Ou, pior ainda, resgatar os medalhões. Fazer girar a ciranda dos mesmos e carcomidos treinadores de futebol, com muitas pompas e longínquos títulos. Mano saiu alegando-se incompreendido. Ocupou seu lugar um auxiliar que resolveu a parada de forma irretocável. Demonstrou ser da boa cepa dos que falam a língua da bola, sem os estrelismos e modismos que tanto emporcalham o futebol atual. Jayme de Almeida tem a virtude dos bons: é simples, intenso e preciso. Merece, mais do que ninguém, a Taça que seu capitão (e seus comandados) levantou com tanta dificuldade.  

Ao Jaime, as glórias...

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Foto: FuturaPress

A conquista da Copa do Brasil, pelo Flamengo, ressuscita um debate mais antigo do que o Fla x Flu (aquele mesmo, “que nasceu antes do nada”): técnico ganha jogo ? A resposta esta longe de ser definitiva, mas a figura do estiloso e low profile Jaime de Almeida põe uma pá de cal, nos brios dos “phhhhhofessores”, zelosos de seus ternos bem cortados e vocabulário chulo.

O comandante rubro-negro, sem estardalhaço, fez o milagre de transformar um bando de jogadores, em uma equipe de atletas, bem treinados e comprometidos com um resultado. O elenco do Flamengo, tão contestado ao longo da temporada, revelou um equilíbrio invejável. Tendo como maior estrela a torcida, que joga junto e empurra o time onde quer que este vá, Jaime fez o básico: escalou os onze possíveis e ofereceu-lhes uma proposta de jogo aceitável.

Com a fala mansa, olhar atento e jeito doce, o mister logo percebeu que não havia o que inventar. Tendo em mãos um grupo tão aquém das tradições da Gávea, deu-lhe, ao menos, um sentido de pertencimento às raízes preto e vermelha. Incutiu-lhes uma mentalidade vencedora. Podou egos. Repreendeu distrações. Mobilizou esforços e formou um conjunto harmônico, que manteve a tranquilidade e o foco, mesmo nos momentos de adversidade.

O Flamengo que ganhou a Copa não é o Flamengo que o torcedor se acostumou a enaltecer, ao longo de sua história de glórias e conquistas. É um time sem destaques. Aquele que deveria ter sido o craque da companhia foi um desastre ao longo da temporada. O que fora menosprezado tornou-se o artilheiro improvável. E de Cadu a Brocador, salvaram-se todos de um naufrágio anunciado.  O rubro negro terminou o ano redimindo o novo modelo de gestão do mais querido do Brasil, em meio a mística de que não se pode deixar chegar.

Agora, Jaime merece a oportunidade de ficar por uma longa temporada. Se os dirigentes tiverem um mínimo de juízo (ou o propalado profissionalismo, tão defendido durante a campanha de Wallim/Bandeira de Mello) deveriam assegurar um horizonte contínuo para o treinador, cria da casa e com um perfil singular, no atual mercado. Mantê-lo significa tornar realista a meta de fazer do rubro negro potência, instituindo a regra mais elementar do esporte: administrar com a razão, explorando o que de melhor a emoção puder proporcionar.


Jaime é o cara ! Tem competência e carisma para conduzir o clube a voos muito mais altos. Com alguns reforços, tempo para trabalhar e a garantia de continuidade, o treinador campeão poderá fazer do aprazível balneário carioca a sua Europa United, a la Sir Ferguson. 

Entrevista Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro



sábado, 21 de setembro de 2013

O Mano nunca foi brother…

O abandono de emprego do, agora, ex-técnico do Flamengo pegou de surpresa clube, imprensa e torcedores. É certo que, há tempos, as coisas já não vinham dando muito certo pelas bandas da Gávea. O treinador evitou demonstrar que tomaria atitude tão drástica, mas o clima no clube passava longe da leveza.

Com o discurso do profissionalismo ensaiado, a nova gestão assumiu prometendo uma revolução. Sinalizando austeridade, reformulou a folha de pagamentos da equipe, enxugando despesas e podando os excessos. Na reengenharia projetada pelos cartolas da vitoriosa chapa azul, não havia mais espaço para loucuras.

O primeiro a sentir o corte afiado da navalha foi o artilheiro do time. Sem lugar para sentimentalismos, Vagner foi despachado de volta para a fria Moscou. Destino parecido tiveram outros medalhões. Ao mesmo tempo que reduzia gastos, a cúpula do “Mais Querido do Brasil” investia fortemente no saneamento das dívidas e na atração de novas receitas, para turbinar o futuro rubro-negro.

O difícil equilíbrio entre razão e emoção, no entanto, evidenciava-se em pequenos detalhes. Zinho foi rebaixado de função e pediu o boné. Em seu lugar, um manager de velhos hábitos e boas relações com os vetustos bastidores da bola ganhou carta branca. Trouxe com ele os ares, amigos e manias dos pampas.

Na sua primeira bola dividida, resgatou um velho axioma do futebol: menos é mais. E entre a manutenção de um técnico caro e eficiente, mas sem identificação com o clube, a opção pela fórmula caseira do bom e barato, fazendo o “filho” à casa retornar. Jorginho foi um desastre e as sirenes da boca maldita começaram a tocar. O prometido choque de gestão colocara o presidente Eduardo Bandeira de Mello na marca do cal. E ele desperdiçou um pênalti importantíssimo.

A manutenção de Jorginho, com todos os seus percalços e instabilidade tinha mais chances de prosperar, do que a virada de mesa repentina que reacendeu os temores e o fantasma da lógica transversa e oportunista dos velhos e nada saudosos dirigentes torcedores: ganhou fica, perdeu sai.

Sob o clamor da seriedade, respeito à hierarquia e comprometimento, Renato Abreu foi outro que dançou. A faxina silenciosa gerou instabilidade no elenco. No saneamento a toque de quartel, o banimento de antigos ídolos das dependências do clube evidenciou-se como outro gesto tresloucado de um grupo bem intencionado, mas com a típica banca dos CEOs das grandes corporações. 

O episódio Mano Menezes dá a exata noção de que o futebol não é para novatos. Contratado a peso de ouro (sim!), para conduzir o barco flamenguista à águas seguras (durante um período de mares revoltos e poucos investimentos), o laureado professor não hesitou diante do óbvio (para o qual, aliás, deveria estar preparado): uma andorinha só não faz verão. E ainda que tenha trazido parte do seu bando (de loucos ?) para o Rio de Janeiro, a máquina não azeitou.

Demonstrando total indiferença à hierarquia, aos novos métodos de gestão e ao acordo firmado em torno de uma transição de longo prazo, não deixou sequer uma banana para os engravatados dirigentes de colarinho azul bebê. No melhor estilo novas mídias, comunicou a saída por um prosaico SMS. E ponto final...

É bom lembrar que Mano não é o primeiro gaúcho a abandonar o barco flamenguista. Por razões e em contextos diferentes, o “gremista” da hora deixou novamente com cara de tacho uma nação inteira. Saiu pela porta dos fundos, cuspindo no prato em que comeu.  E ainda fazendo cara de bravo...

Se as antigas (ou nem tão antigas assim) gerações de dirigentes cometeram vários equívocos a frente do vermelho e preto da Gávea, os atuais executivos aprenderam pouco com o passado. Tratar o futebol como negócio exige mais do que técnica. É preciso colocar a razão adiante do sentimento, mas sem sufocá-lo.

E o Flamengo vem correndo o risco de perder a sua essência. A contratação de um técnico top para um elenco desequilibrado foi um erro crasso. Parecia tão evidente o desacerto, que é difícil acreditar que tenha prosperado. Agora, sem tantas alternativas no mercado e diante de pressão máxima, pode ser que dê certo com o Jaime, o que se tentou fazer com o Jorginho. É uma boa aposta.

O que não se pode é tornar o ambiente da Gávea irrespirável. Mudar a cultura de uma organização, pelo menos das esportivas, exige tempo. Não se deve fazê-lo na base das diretrizes executivas frias e assépticas. Em seus piores momentos, o que manteve o rubro-negro pulsando foi justamente a força de seu espírito. A combinação improvável entre o calor das massas e a mística das tradições centenárias pode funcionar como ativo intangível valioso, que nenhum engomadinho, técnico ou não, saberá explorar usando régua e compasso....

sábado, 7 de setembro de 2013

Meio século depois.. (transcrição do artigo de Cristovam Buarque)

Não está distante o dia em que os brasileiros acreditarão que é preciso e é possível

ARTIGO - CRISTOVAM BUARQUE

Publicado: 

A quase totalidade dos discursos de políticos é irrelevante. São logo esquecidos. Mas, nesta semana, comemora-se em todo o mundo os 50 anos do discurso do dr. Martin Luther King em que ele disse que tinha sonhos: de que seus quatro filhos não sofreriam preconceitos por causa da cor da pele; e de que os filhos dos ex-escravos e os filhos dos ex-donos de escravos seriam capazes de sentar juntos na mesma mesa, como irmãos.
Meio século depois, nós também temos sonhos.
Sonhamos que um dia nenhum dos filhos do Brasil será privado de uma educação de qualidade que lhes permita entender a lógica do mundo, deslumbrar-se com suas belezas, indignar-se com suas injustiças, falar e escrever seus idiomas, ter uma profissão que lhes permita usufruir e melhorar o mundo onde vivem.
Para isso, sonhamos fazer com que a mais pobre criança tenha, desde sua primeira infância, uma escola com a qualidade das melhores do mundo, que um dia os filhos dos trabalhadores estudarão nas escolas dos filhos de seus patrões, os filhos das favelas nas escolas dos filhos dos condomínios e em, consequência, o Brasil terá pontes no lugar de muros entre suas classes e seus espaços urbanos.
Sonhamos que não está distante o dia em que todos os brasileiros acreditarão que isso é preciso e é possível. Deixarão de considerar o sonho como um delírio de utopista ou demagogia de político. Olharão ao redor e verão que muitos outros países já fizeram esta revolução, que chegará tardia ao Brasil, como nos chegou tardiamente a libertação dos escravos. Lembrarão que até 1863, na terra do dr. King, e, por décadas mais no Brasil, a ideia de que os negros um dia seriam livres do cativeiro era vista como estupidez. E hoje o presidente da República deles é negro.
Sonhamos também que, acreditando nos seus sonhos, o Brasil se levantará para realizá-los. Porque o sonho não se realiza quando é solitário, nem tampouco quando os sonhadores continuam deitados em berço esplêndido. Só quando é de todos e todos se levantam é que ele começa a ser realidade.
Se nós acreditarmos, se nos levantarmos em sua defesa, será possível realizar o sonho de que no lugar de exclusão teremos unidade social, ao garantir que os filhos do Brasil estudarão em escolas com qualidade e com a mesma qualidade.
Sonhamos com cidades pacíficas; com economia eficiente, sustentável e distributiva; com serviços sociais funcionando; com a renda nacional bem distribuída. Sonhamos que o Brasil será celeiro não apenas de soja e ferro, mas também de conhecimento nas ciências, tecnologias e nas artes; que o Brasil será um país regido pela ética no comportamento dos políticos e nas prioridades da política. E sabemos que todos estes objetivos passam pela escola de qualidade e mesma qualidade para todos.
Sonhamos que o Brasil futuro será o Brasil de nossos sonhos.
Cristovam Buarque é senador (PDT-DF)

terça-feira, 3 de setembro de 2013

As novas táticas da gestão esportiva

Boa parte dos grandes clubes brasileiros, inclusive os cariocas, trava com a Receita uma batalha tão ou maus dura quanto a maratona do Brasileiro. Tentam equacionar as dívidas miionárias acumuladas por décadas de displicência fiscal. Para resolver problemas assim, que indicam ainda um fosso entre os discursos de profissionalização e práticas ainda amadoras, o professor de Markerting Esportivo da PUC-Rio Luiz Leo levanta a bola qualificação. Convidado do programa O Negócio é Esporte desta terça (3) –às 22h, na Bradesco Esportes (91,1 FM) –, o especialista explicará como a nova safra de gestores esportivos começam a dar cartão vermelho para barbeiragens administrativas que há muito tiram o sono de investidores e torcedores.
Leo acredita que a sonhada independência financeira de instituições esportivas, associadas não só ao futebol mas a outras modalidades, seja conquistada à medida que visões imediatistas e rotinas amadoras sejam substptuídas por planejamento a longo prazo e gestões psofissionais. Especializado na formação de talentos da área, o professor, que também leciona Mídias Digitais na PUC-Rio, vai esclarecer, no programa de hoje, as táticas para explorar melhor o potencial de marcas como Flamengo, Fluminense, Botafogo e Vasco, e captar mais investimentos.
Duas deessas estratégias remetem, por exemplo, ao aperfeiçoamento do uso das redes sociais para cultivar fãs (o Barcelona, clube mais popular no Facebook, tem 44 milhões de seguidores) e à diversificação das receitas do marketing, ainda muito dependentes de verbas decorrentes de direitos de imagem (transmissão em TV) e de patrocínios em camisa.  
Primeiro talk-show só sobre marketing esportivo no país, O Negócio é Esporte é apresentado pelos jornalistas Sérgio Carvalho, ex-gerente do Sistema Globo de Rádio, e Alexandre Carauta, ex-editor-executivo do Jornal do Brasil e professor da PUC-Rio. A cada semana, eles conversam com craques da área (executivos, gestores, publicitários, consultores, pesquisadores) sobre novidades, curiosidades e bastidores no campo dos negócios esportivos. O programa, uma parceria entre a StartCom Comunicação e o Grupo Bandeirantes, vai ao ar às terças-feiras, sempre às 22h. 

Entrevista Bradesco Esportes FM

terça-feira, 3 de setembro de 2013


O Negócio é Esporte


O NEGÓCIO É ESPORTE - Saúde financeira dos clubes de futebol



http://www.onegocioeesporte.com.br/2013/09/o-negocio-e-esporte-saude-financeira.html

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Coisas do Botafogo

E Vitinho decidiu sair. Que lástima ! O jovem atacante botafoguense, destaque da equipe e, para muitos, do próprio Campeonato Brasileiro, até aqui, resolveu respirar os ares gélidos das estepes russas. Aparentemente, uma decisão pensada e repensada. Sem volta.

O abalo foi inevitável ! A terra tremeu e o mar se abriu, nas entranhas da estrela solitária. A torcida não poderia mesmo, deixar barato, uma “solução” tão cara. Afinal, o clube paga salários em dia. Não tem receitas bloqueadas. Tem estádio próprio. E fatura adoidado.

Ora, façam-me o favor ! E antes que me xinguem: o Botafogo é, de longe, no Rio de Janeiro, o clube de futebol melhor estruturado. Tem quadros competentes, sistema de gestão moderno e uma visão arejada do esporte. Mas, está muito longe de ser um modelo de excelência.

O episódio Vitinho encerra uma sucessão de equívocos que, em um ambiente de profissionalismo, não são aceitáveis. Quando falta planejamento, as organizações esportivas tornam-se empreendimentos extremamente vulneráveis, em um mercado tão competitivo.

De promessas a realidade atletas são ativos valiosos (apesar da crueza da expressão), que precisam ser melhor cuidados. Vitinho não é o primeiro jogador a sair no meio da temporada, deixando sua equipe órfã de talento. Mas, no Botafogo, já é o terceiro titular a pular do barco.

Tem alguma coisa errada aí. Não dá para jogar tudo na conta do atleta ou de seus representantes. E muito menos atribuir aos infortúnios do destino (ou do passado) as mazelas que se abatem sobre o presente alvinegro. Raios caem mais de uma vez no mesmo lugar ?

Logicamente, o impacto financeiro causado pela interdição do Engenhão é um golpe duro de suportar. Mas, é preciso lembrar que outras equipes não têm estádios próprios e conseguem equilibrar seus orçamentos, minimizando a ausência desta importante fonte de receitas.

O Botafogo fez uma aposta ousada em Seedorf. Os resultados técnicos são indiscutíveis. Mas, comercialmente, a presença do astro holandês ainda não parece ter sido capaz de alavancar as receitas de marketing pretendidas. O clube detém a sexta maior cota de patrocínio master do futebol brasileiro (R$ 16 milhões/ano), mas diversifica pouco suas ações em outras frentes.

Recebe, ainda, pelos direitos de transmissão na faixa dos R$ 70 milhões, o que o coloca entre os 12 clubes do país que mais faturam com a cessão das imagens de seus jogos, para a TV. Movimenta também outras fontes de receitas marginais, que aproximam o clube de um faturamento na casa dos três dígitos anuais. Algo em torno de R$ 8 milhões mensais.

O que os números não revelam é o enorme abismo entre o que entra e o que sai. O endividamento público cresce sem parar (atualmente, na ordem dos R$ 400 milhões) e muito pouco (ou nada) se faz a respeito. Gastar menos do que se recebe é uma conta que qualquer dona de casa sabe fazer. Dirigentes esportivos parecem ainda estar no jardim de infância desta lição...

Reconhecer fraquezas e encontrar mecanismos que transformem ameaças em oportunidades não é o forte dos clubes de futebol. Mais fácil é transformar patrimônio de valor intangível em crédito oportunista e barato. E depois colocar a conta no bolso de um garoto recém-saído do Complexo do Alemão, com tudo a ganhar e nada a perder, numa aventura gelada, por paisagens distantes...

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Entrevista Isto é Dinheiro



ECONOMIA
ONLINE | FUTEBOL | 15.AGO.13 - 06:50

Um galês de 100 milhões de euros

A possível ida de Gareth Bale para o Real Madrid pode inaugurar a entrada das transferências do futebol na casa dos negócios de nove dígitos

Por André JANKAVSKI
Capital do País de Gales, nação anexada ao Reino Unido, Cardiff recebeu na última quarta-feira (14) o amistoso entre o país local e a vizinha Irlanda. No campo, as duas seleções não saíram do zero. As atenções do mundo do futebol, no entanto, se concentraram na estrela dos galeses, que acompanhou a partida das tribunas: Gareth Bale. O atleta de 24 anos que joga no inglês Tottenham Hotspur, desde 2007, é protagonista da possível maior transação de um jogador de futebol da história. Seu valor? O Real Madrid pode pagar cerca de 100 milhões de euros.

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Gareth Bale, meio campo do Tottenham, está envolvido na que pode ser a maior transação do futebol
 
O recorde até agora pertence ao português e super estrela Cristiano Ronaldo. Em 2009, o mesmo time espanhol desembolsou 96 milhões de euros para contar com os serviços do seu atual camisa sete, então jogador do Manchester United. A estratégia deu resultado e Cristiano já marcou mais de duzentos gols com a camisa merengue, além de trazer números expressivos para o clube - só a sua apresentação oficial como jogador do Real atraiu mais de 85 mil pessoas. "É bom ressaltar que nem sempre é um investimento que terá um retorno positivo", diz Luiz Léo, professor de marketing esportivo da PUC-RJ. "O Kaká, por exemplo, custou 65 milhões de euros e até agora não engrenou no clube de Madrid."
 
O Real Madrid, responsável por três das cinco maiores transações da história do futebol, tem um lado bem peculiar: o clube não visa lucro. Juntamente com o seu arqui-rival Barcelona, o Athletic Bilbao e o Osasuna, a equipe merengue se encaixa no modelo associativo, pagando assim menos impostos ao governo espanhol. 
 
Graças aos altos valores movimentados, principalmente pela equipe de Madrid e a catalã, a Comissão Europeia pressiona para que todos se tornem empresas e passem a ter mais responsabilidades com o fisco. A ação, entretanto, pode dar ainda mais força para o Barcelona e o Real, dois dos poucos clubes no mundo que possuem faturamento maior do que as dívidas. “Se optarem por um IPO, por exemplo, é possível que eles sejam ainda mais dominantes nas contratações”, afirma Amir Somoggi, especialista em gestão esportiva.
 
 
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Das cinco transferências mais caras do esporte, o Real Madrid fez três: Cristiano Ronaldo, Zidane e Kaká
 
Além dos altos valores da negociação envolvendo Gareth Bale, chama a atenção o galês não ter conquistas individuais fora da Inglaterra. Apesar de ter sido considerado o melhor jogador de 2012 da liga inglesa pelos próprios jogadores das equipes participantes, o meio-campista não figurou sequer entre os 23 destaques do ano passado da Fifa. Cristiano Ronaldo, na época de sua transação, tinha sido eleito o melhor do mundo. "A pouca idade, a qualidade técnica e o potencial são fatos positivos e indiscutíveis, mas 100 milhões de euros é um exagero", afirma Léo.
 
A contratação de Bale, se concluída, pode inflacionar ainda mais as transações. A entrada de sheiks árabes e bilionários russos no futebol está transformando contratações caras em algo rotineiro: só de agosto do ano passado até agora, o brasileiro Hulk, o colombiano Radamel Falcão e o uruguaio Edinson Cavani se envolveram em transações acima de 60 milhões de euros. “Estamos passando por uma crise financeira, especialmente a Europa, e essa movimentação em algum momento se tornará insustentável”, diz Luiz Léo. “Isso não é saudável”, afirma Somoggi. “A UEFA (União das Federações Europeias de Futebol) está desesperada e correndo para tentar solucionar esse desequilíbrio absurdo.”

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Faça seu marketing pessoal

CONTROLLER CORPORATIVO

Blog da Contabilidade e Controladoria

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Um gênio sem marketing pessoal é um gênio desconhecido

Todo profissional precisa que seu valor seja reconhecido por seus líderes e pela empresa onde atua. Competências técnicas são fundamentais para alcançar o sucesso. Mas, e o marketing pessoal? Há muito tempo ele deixou de ser um culto ao ego, à vaidade. O marketing pessoal hoje é uma necessidade dentro das corporações, fundamental para que um profissional seja reconhecido e encontre novas oportunidades no mercado.
- Se você está começando uma carreira ou uma nova etapa da vida profissional, demonstre toda a sua disposição para aprender. Deixe sempre bem claro o quão é importante para você aprender com as pessoas, com as situações, encontros, viagens, reuniões. Seja participativa para ganhar visibilidade.
- Descubra o ponto mais marcante de sua personalidade. Pode ser sua maneira de se comunicar, sua alegria, bom senso, visão. A partir daí, foque a “divulgação” desse seu ponto marcante, porque ele será um atributo desejado pelas equipes.
Dress to impress: essa expressão do mercado corporativo americano significa: “vista-se para ser visto”. Faça isso sem exageros, sem extravagância, com discrição, mas desenvolvendo um estilo pessoal facilmente reconhecível. Estilo é tudo. Vista-se de maneira agradável.
- Mostre o seu lado “solucionador de problemas”. Sempre que você ajudar a resolver um problema, estará inserindo sua marca pessoal na rotina e lembrança das pessoas. Quando surgir uma dificuldade ou um problema, pergunte a si mesmo: “O que posso fazer por isso?”.
- Entregue sempre um resultado superior ao esperado, dedique-se a superar as expectativas das pessoas. Atenda às solicitações com qualidade ampliada.
- Improvise. Use a criatividade para, diante de poucos recursos, desenvolver a melhor solução possível. As pessoas mais bem colocadas no mundo dos negócios improvisaram muitas vezes.
- Dedique-se a formar diferentes redes de relacionamentos dentro e fora da empresa. Identifique quais são as áreas de interesse que aproximam você de outras pessoas: música, literatura, cinema, hobbies, esportes, competência técnica. Aproxime-se das pessoas, construa relacionamentos de longo prazo.
- Cultive ética e honestidade para preservar o seu maior patrimônio: a integridade. Não deixe que a falta de ética passe a fazer parte da marca pessoal.
- Vivemos em uma era de muita pressão e competitividade. Por isso, resistências física e mental são fundamentais. Cuide do corpo, da mente e do espírito para se manter sempre motivado, feliz, bem humorado.  Paz, serenidade, estabilidade emocional devem fazer parte do marketing pessoal.
FONTE: CRC/SP

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O bobo do octógono

E quem diria que o Pelé dos ringues levaria tamanha bola nas costas ? Pois Anderson Silva levou. Um tremendo cruzado no queixo. Daqueles que não tem mais volta. Acusou o golpe, revirou os olhinhos e entortou o pescoço. Desabou, batendo a cabeça com força no tatame do octógono. Terminava ali a longa saga do campeão. O outrora invencível lutador estava irremediavelmente estendido no chão, agarrado às pernas do árbitro, como que tentando impedir o inevitável. Nocaute clássico. No melhor estilo boxeur: beijando a lona...

Trágico, não fosse triste. O brasileiro inspirava uma legião de amantes do esporte, que apresenta o crescimento mais vertiginoso do planeta. O mito Spider encerrou sua sequência de vitórias na defesa de cinturão aniquilado por um novato. O norte-americano Chris Weidman quase não podia se conter. Expressava um misto de êxtase e surpresa com seu feito. O garoto fez a sua parte, diante do veterano, que mais parecia disposto ao show do que à luta. Provocou tanto, que dançou. Para valer. Sem perdão. E de forma muito constrangedora.

Passado o calor do momento, cabe uma análise realista sobre o futuro do ídolo. Para começar, as teorias conspiratórias que inundam as redes sociais, tal como praga, não fazem qualquer sentido prático. Anderson perdeu praticamente para si mesmo. E ponto. Já reconheceu que errou. A estratégia, bem sucedida em outras ocasiões, não deu certo desta vez. Dentro do corner não dá para arriscar. Ele arriscou. Diversas vezes ao longo da carreira. Uma hora poderia dar errado. Deu. Vida que segue. Lessons learned. E vamos ao que interessa.

Anderson vai voltar. Derrotará Weidman. Recuperará seu cinturão. Esse roteiro é definitivo. Não tem teorias estapafúrdias que o modifiquem. O problema é administrar o passivo da luta que passou. O maior lutador de MMA de todos os tempos fez mal a sua própria imagem. Contaminou um perfil limpo, de bom moço, de sujeito correto e respeitável. Atentou contra aquilo que tinha de mais valioso. Afinal, não é nada fácil construir uma identidade tão positiva, em uma modalidade esportiva carregada de preconceitos e discriminação.

O “aranha” cercou-se de atributos que vinham impulsionando uma carreira extremamente bem sucedida –muito mais fora até, do que dentro dos ringues. Alcançou o patamar invejável de idolatria, de referência. Daquele em que todos se inspiram em ser. Vendia simpatia, vitalidade e confiança.  Bastaram alguns poucos minutos para subverter seus próprios valores. A prepotência, o escárnio e o desrespeito soaram indisfarçáveis. O gentil gigante, de voz afinada, atravessou o ritmo. Passou uma imagem de engodo para o mundo.

Se não foi fácil chegar até onde chegou, mais difícil ainda será sair de onde está. Não bastarão apenas seus punhos e o excelente jogo de pernas para se livrar das críticas que o perseguirão, onde quer que vá. O fogo, nada amigo, virá de suas próprias fileiras. Muitos de seus admiradores estão receosos de seus próximos passos. Precisará trabalhar (e muito) quieto. Evitar a superexposição, que a esta altura não acrescentará muita coisa. Deverá aprender a lidar com os comentários desabonadores e depurá-los. Retomar suas origens. Livrar-se dos bajuladores de ocasião. Enfim, Anderson terá uma dura missão pela frente.

No plano comercial, a recuperação da imagem do ídolo passa por uma mudança de postura e de atitude que, de certa forma, já começou a ser ensaiada logo após o combate. Saber perder é uma virtude sempre admirada –mesmo para os superpoderosos. Assim, humildade combinada com certa dose de alto estima torna-se um belo revigorante. Se nos bastidores do UFC o brasileiro nunca foi uma unanimidade, em termos de simpatia, fora dele desfruta de um prestigio inigualável com públicos diversificados. É para essa turma que deverá dirigir seus esforços de reconstrução de sua identidade esportiva. Livre do peso da invencibilidade, poderá alavancar outros valores igualmente admirados: obstinação, superação e, quem sabe, (outra) volta por cima.

domingo, 7 de julho de 2013

Meditação ganha, enfim, aval científico


Terapia

Estudos sérios estão afastando as dúvidas que costumavam pairar sobre a prática e mostram que ela é extremamente eficaz no tratamento do stress e da insônia, pode diminuir o risco de sofrer ataque cardíaco e até melhorar a reação do organismo aos tratamentos contra o câncer

Tiago Cordeiro
meditação
Meditação: arma poderosa contra o stress ganha respaldo científico (Thinkstock)
A receita para lidar com dezenas de problemas de saúde é fechar os olhos, parar de pensar em si e se concentrar exclusivamente no presente. A ciência está descobrindo que os benefícios da meditação são muitos, e vão além do simples relaxamento. "As grandes religiões orientais já sabem disso há 2.500 anos. Mas só recentemente a medicina ocidental começou a se dedicar a entender o impacto que meditar provoca em todo o organismo. E os resultados são impressionantes", afirma Judson A. Brewer, professor de psiquiatria da Universidade Yale.
Iniciada na Índia e difundida em toda a Ásia, a prática começou a se popularizar no ocidente com o guru Maharishi Mahesh Yogi, que nos anos 1960 convenceu os Beatles a atravessar o planeta para aprender a meditar. Até a década passada, não contava com respaldo médico. Nos últimos anos, os pesquisadores ocidentais começaram a entender por que, afinal, meditar funciona tão bem, e para tantos problemas de saúde diferentes. "Com a ressonância magnética e a tomografia, percebemos que a meditação muda o funcionamento de algumas áreas do cérebro, e isso influencia o equilíbrio do organismo como um todo", diz o psicólogo Michael Posner, da Universidade de Oregon.
A meditação não se resume a apenas uma técnica: são várias, diferindo na duração e no método (em silêncio, entoando mantras etc.). Essas variações, no entanto, não influenciam no resultado final, pois o efeito produzido no cérebro é parecido. Na prática, aumenta a atividade do córtex cingulado anterior (área ligada à atenção e à concentração), do córtex pré-frontal (ligado à coordenação motora) e do hipocampo (que armazena a memória). Também estimula a amígdala, que regula as emoções e, quando acionada, acelera o funcionamento do hipotálamo, responsável pela sensação de relaxamento.
Não se trata de encarar a meditação como uma panaceia universal, os estudos mostram também que ela tem aplicações bem específicas. Mas, ao contrário de outras terapias alternativas que carecem de comprovação científica, a meditação ganha cada vez mais respaldo de pesquisas realizadas por grandes instituições.
Hoje, os estudos sobre os benefícios da meditação estão concentrados em seis áreas.

Os benefícios da meditação

1 de 6

Redução do stress

Meditar é mais repousante do que dormir. Uma pessoa em estado de meditação consome seis vezes menos oxigênio do que quando está dormindo. Mas os efeitos para o cérebro vão mais longe: pessoas que meditam todos os dias há mais de dez anos têm uma diminuição na produção de adrenalina e cortisol, hormônios associados a distúrbios como ansiedade, déficit de atenção e hiperatividade e stress. E experimentam um aumento na produção de endorfinas, ligadas à sensação de felicidade. A mudança na produção de hormônios foi observada por pesquisadores do Davis Center for Mind and Brain da Universidade da Califórnia. Eles analisaram o nível de adrenalina, cortisol e endorfinas antes e depois de um grupo de voluntários meditar. E comprovaram que, quanto mais profundo o estado de relaxamento, menor a produção de hormônios do stress.

Este efeito positivo não dura apenas enquanto a pessoa está meditando. Um estudo conduzido pelo Wake Forest Baptist Medical Center, na Carolina do Norte, colocou 15 voluntários para aprender a meditar em quatro aulas de 20 minutos cada. A atividade cerebral foi examinada antes e depois das sessões. Em todos os pesquisados, foi observada uma redução na atividade da amígdala, região do cérebro responsável por regular as emoções. E os níveis de ansiedade caíram 39%.

Para quem já está estressado, a meditação funciona como um remédio. Foi o que os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos descobriram ao analisar 28 enfermeiras do hospital da Universidade do Novo México, 22 delas com sintomas de stress pós-traumático. A metade que realizou duas sessões por semana de alongamento e meditação viram os níveis de cortisol baixar 67%. A outra metade continuou com os mesmos níveis. 

Resultados parecidos foram observados entre refugiados do Congo, que tiveram que deixar suas terras para escapar da guerra. O grupo que meditou ao longo de um mês viu os sintomas de stress pós-traumático reduzir três vezes mais do que as pessoas que não meditaram – índices parecidos aos já observados entre veteranos americanos das guerras do Vietnã e do Iraque.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Entrevista: Revista Isto é Dinheiro


NEGÓCIOS

ONLINE | NEGÓCIOS | 05.JUL.13 - 17:05 | Atualizado em 07.07 - 16:40

E se Anderson Silva perder a luta?

O brasileiro disputa título e coloca sua aura de "imbatível" à prova contra lutador americano invicto. Se for derrotado, ele pode perder bem mais que o cinturão.

Por André JANKAVSKI
Neste sábado (6/7), em Las Vegas, Anderson Silva entrará no octógono contra o americano Chris Weidman para defender o cinturão de campeão dos médios do Ultimate Fighting Championship (UFC) pela décima vez. Sem ser derrotado desde 2006 e com uma sequência impressionante de 17 vitórias consecutivas, o brasileiro de 38 anos enfrentará um lutador quase dez anos mais jovem e invicto, apesar de possuir apenas nove lutas no MMA (Artes Marciais Mistas) profissional. Protagonista em diversas propagandas e destaque em programas de televisão e reportagens, o que pode acontecer com a carreira de Anderson se ele for derrotado?
 
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Anderson Silva vai enfrentar um lutador quase dez anos mais jovem
 
 
Ao observar a carreira dos dois atletas, fica difícil imaginar que o brasileiro venha a perder, mas Dana White, presidente da organização, vem espalhando que a situação será bem diferente do esperado. “Todos os profissionais com quem eu falei e que nós entrevistamos acreditam na vitória de Weidman”, disse em coletiva de imprensa após o UFC 161, que aconteceu no dia 16 de junho. A ameaça pode ser apenas marketing, porém, aumentou a expectativa em torno do combate e deixou as bolsas de apostas não muito otimistas. Segundo o site MMAOddsBreakers, especialista em apostas esportivas, quem apostar US$ 100 na vitória de Weidman, embolsará US$ 205, quantia bem inferior a oferecida na luta com Stephan Bonnar, o último adversário do brasileiro. Na época, a cada US$ 100 apostados, teriam sido pagos US$ 1,3 mil se Bonnar tivesse saído vencedor. 
 
Em recente levantamento da Nielsen Sport, empresa especializada em pesquisas relacionadas ao esporte, Anderson Silva aparece como o quinto atleta mais admirado do Brasil, atrás apenas das estrelas futebolísticas Neymar, Pelé e os dois Ronaldos. Um revés, no entanto, pode alterar essa percepção. "Como todo e qualquer atleta, Anderson também está atrelado aos resultados. Uma eventual derrota pode trazer um impacto negativo na sua imagem", afirma Otávio Carvalho, analista de mercado da Nielsen.
 
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Patrocinado por oito marcas, entre elas Budweiser, Vivo e Nike, Anderson é garoto-propaganda de todas elas e possui grande apelo no mercado publicitário.  “Além de imbatível, ele passa uma imagem de respeito, caráter e disciplina. Perdendo, acabará a aura de invencível, mas não significa que ele virará um fracasso comercialmente”, diz Luiz Léo, professor de marketing esportivo da PUC-Rio. Mesmo com contratos mais longos, perder o cinturão após sete anos pode prejudicar outras negociações. “Creio que nenhuma empresa patrocinadora deixaria de apoiá-lo, mas sem dúvida a conversa com novas interessadas e os valores se modificariam”, afirma.
 
Campeão de audiência
 
O crescimento do MMA no País é notável. Atualmente, de acordo com a Nielsen Sport, é o terceiro esporte mais visto na televisão pelos brasileiros, atrás apenas do futebol e vôlei. A queda do representante “imbatível” pode trazer alguns problemas para a luta, como o que ocorreu com o tênis após o declínio e aposentadoria de Gustavo Kuerten, ex-número um do ranking mundial . "O tênis já foi uma das preferências dos brasileiros, mas hoje está apenas na 11ª posição em audiência esportiva na televisão. De 2008, ano em que o Guga se aposentou, para cá, já perdeu quatro posições”, diz Carvalho. “Com o MMA acredito que será diferente, pois, além do Anderson, já existem outros destaques no País”.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A Copa da superação

Sobre a contundente vitória da Seleção Brasileira na Copa das Confederações, duas ou três coisas não podem deixar de ser ditas. Em primeiríssimo lugar, a indiscutível supremacia da equipe de Luiz Felipe Scolari, que aliou capacidade técnica, com superação e sorte, tudo em doses praticamente iguais. O Brasil voltou a ser Brasil ? Longe disso. Mas a Seleção recuperou, ao menos durante a competição, um espírito aguerrido, destemido e imponente, que andava, há muito, adormecido. Jogou, como se diz nos pampas, com alegria nas pernas e fogo nos pés.

Por outro lado, encontrou adversários em desalinho. Os japoneses jogaram claramente de pijama. O fuso atrapalhou mais do que a bola, eterna rival. O México, mal nas eliminatórias, não confirmou a fama de estraga prazeres, sucumbindo as suas próprias mazelas. A Itália perdeu Pirlo e, com ele, a essência de um novo estilo de jogar dos italianos, fugindo a tradicional escola de marcação e defesa, que sempre os caracterizou. Baloteli tentou compensar a lacuna deixada pelo camisa 10 da Azzurra, mas os ares do Senhor do Bonfim não lhe trouxeram sorte. O Uruguai deu mais trabalho, em um dia que a equipe canarinho não funcionou tão bem, diante da postura acuada do adversário -que não saía para jogo, como noutras épocas mais saudosas e românticas do velho clássico. Finalmente, a Espanha. Ah, a Espanha. Tão desejada, tão temida. Um verdadeiro “choque de monstros”.

O jogo final não fez jus às expectativas criadas. Logicamente, o Brasil cumpriu com sua parte. Mais até, do que se poderia imaginar. A estratégia de pressão inicial, que funcionou em quase todos os jogos (com a fugaz abertura do marcador, em poucos minutos de partida) deu resultado novamente. O “abafa lá em cima”, na gíria dos boleiros, aturdiu os espanhóis, que demoraram a encontrar seu verdadeiro ritmo de jogo. O relógio parecia acelerado. A feroz marcação brasileira, caracterizada por muitas faltas durante toda a competição, não dava tempo sequer para o “tac”. Mal iniciavam uma troca de bola, lá estava um “marcador pentelho”, vestindo amarelo e tirando a paciência dos habilidosos “rojos”. Para cada Iniesta, dois ou três Luiz Gustavos, Paulinhos, Hulks e, quem diria, até uns tais Fred e Neymar.

O jogo do Brasil fluiu, enquanto o dos adversários emperrou. Curioso é constatar a radical mudança de cenário. Menos de um mês antes, o escrete brasileiro vinha de uma sequência de anos sem vencer um classicozinho sequer.  As indefinições, do gol ao ataque, alimentavam as incertezas. Das dúvidas dos torcedores às críticas dos especialistas, um abismo de problemas se avolumava dentro e fora dos gramados. A mudança repentina no comando da direção técnica. As polêmicas das convocações -e, como sempre, das não convocações. O atraso nas obras. As ironias da FIFA. As ameaças. Poderes em conflito, soberania em desacato. Enredo tenso. Personagens controversos. Nuvens cinzentas no horizonte verde amarelo.

Bastou a bola rolar para grande parte das dúvidas se dissipar. A boa vitória sobre a França, no último amistoso preparatório, ajudou. O “expresso” que atropelou o Oriente - no primeiro jogo oficial, com vitória, depois de tanto tempo- aumentou ainda mais as expectativas. E o crescente das atuações de grande parte da equipe, na sequência da competição -com um único e aflitivo sobressalto diante do Uruguai-, renovou as esperanças. O Brasil gigante despertou. A Copa do Mundo está logo ali, mas mostramos que temos time para brigar !

E, se dentro do campo, o futebol deu resposta, fora dele, a sociedade brasileira ainda aguarda, ansiosa, pelo desenrolar de uma partida que está longe de terminar... 

terça-feira, 18 de junho de 2013

O jogo agora é outro


Que orgulho destas novas gerações ! Ao mostrar para o mundo, sem os velhos chavões, que somos muito mais do que um lugar de belas praias, bundas desnudas, cerveja, carnaval e futebol (em que, aliás, já fomos os tais) deixaram claro que não estão para brincadeira. E que se dane a Copa das Confederações ! Da FIFA e não do Brasil, a propósito. O jogo da hora é outro. Perfect timing. Nada mais constrangedor para vetustos dirigentes (quando não de idade, de espírito) do que as lições de cidadania deixada pelos mais jovens, pelas ruas do país.

Existem desvios ? É lógico. Em movimentos espontâneos e descentralizados, não há como evitar os excessos e muito menos as exceções. Pontos fora da curva existem de toda sorte, em qualquer contexto. Mas, impressiona a capacidade das enormes multidões reunidas em não perder o foco da sua verdadeira demanda: o clamor cívico, pacífico, democrático e legítimo por mudanças. Sobretudo na lógica de representatividade institucional. O problema vai além do local e ultrapassa as fronteiras de Estados, das mais variadas inclinações.

Chegou a vez do Brasil ? Tudo leva a crer que sim. Uma espécie de sopro da esperança incontida, misturado com o destemor típico da juventude parece conquistar, de pouco em pouco, os corações e mentes de uma população inteira. Nem mesmo as tentativas de deslegitimar as ações, em grande medida pelos atores políticos, acompanhados em uníssono por uma mídia hegemônica, oportunista e sorrateira surtiram efeito. Para muitos, o sentimento é o de um despertar de uma letargia dominante. Perceber que, ao redor, as distensões sociais são por demais evidentes, para continuarem a ser ignoradas.

O mais fascinante de tudo é que não existem lideranças aparentes. O movimento traduz um exercício político, mas apartidário. Articulado nas redes, mas consumado nas ruas. Carente de uma bandeira definida, porém, expressando insatisfações latentes. Processa-se à margem dos poderes constituídos, no entanto -sem deixar de apontar para suas contradições- reconhece sua legitimidade institucional e indispensabilidade. Tem mais corpo do que voz, muito embora representados por massas disformes e palavras de ordem potentes e articuladas. Comporta pouco ineditismo, mas ao mesmo tempo é atualíssimo, já que sintonizado com as vanguardas mais atuantes de Nova York ao Cairo. É singular, sem deixar de ser plural.

Não há dúvida de que estamos diante de momento especial. Talvez, menos importante agora seja projetar para onde esta onda poderá nos levar, enquanto nação. A marca indelével que deverá ficar, para as novas gerações, é esta consciência cidadã, que nos energiza e impulsiona, por revelar o quanto é possível fazermos, quando nos unimos verdadeiramente. O caminho é longo e os obstáculos são inevitáveis. Por sorte, já ali, bem pertinho, temos uma boa e oportuna “parada”para nos reencontrarmos: 2014, não o ano da Copa, mas das eleições. Nas urnas, boto fé, nessa gente bronzeada (ou não), mostrar seu valor...

segunda-feira, 27 de maio de 2013

O enigma da esfinge

Que Neymar é craque, não há dúvida. O problema é saber o quão longe o menino da Vila poderá chegar no olimpo do esporte. Quatro anos após sua arrebatadora aparição para o mundo da bola, o garoto franzino que encantava a todos com seus dribles, gols e jogadas sensacionais transformou-se em homem (de corpo e mente). E como adulto, tomou a decisão mais aguardada pelo futebol brasileiro nos últimos anos: onde desfilará o seu majestoso futebol.

Decisão tomada, impõe-se, ato contínuo, nova pergunta: o quanto isso irá afetá-lo, tecnicamente, dentro dos gramados ?  

A opção pelo Barcelona não traz novidades. Insinuações sobre a existência de um acordo prévio, costurado na ponte aérea Catalunha x Baixada Santista, são recorrentes. Há meses. Já o impacto que a mudança trará para a carreira do talentoso atacante continua dividindo opiniões. O coro dos que ansiavam ver Neymar enfrentando os engenhosos esquemas táticos europeus e a força dos adversários do velho continente venceu. Em parte, o jovem moicano rendeu-se as evidências do declínio técnico dos gramados brasileiros, que já afetava seu vistoso futebol.

Na ótica dos otimistas, a península Ibérica oferecerá horizontes mais promissores para a evolução do talento brasileiro. Colocará à prova seu vasto repertório de jogadas, diante de sistemas de marcação mais rígidos, movimentações táticas dinâmicas e jogo mais coletivo. Tudo aquilo que já não se vê mais nos velhos estádios brazucas. O mergulho na cultura futebolística dos centros europeus, em suma, lapidará a joia brasileira, tornando-o um híbrido de talento criativo e disciplina tática, de que tanto padecem nossos, outrora, craques nacionais.

O outro lado destas leituras não é tão animador. Defensores da permanência do onze santista projetam um desafio maior do que os seus poucos anos de vida seriam capazes de suportar.  Estrela absoluta de um futebol carente de referências, Neymar só não fazia chover (ainda que, ultimamente, mais fora do que dentro dos gramados, é bem verdade). Gozando do status de tudo-pode, por seus feitos nos campos de futebol, projetava-se em paralelo como celebridade indiscutível do showbiz, alavancado por uma meteórica carreira comercial. Dono da bola e da grana, era praticamente intocável. Dorival, ex-treinador do Santos que o diga.

Na Espanha encontrará um clube grandioso, com elenco mais do que estrelar. Será mais um na companhia e, naturalmente, sem a mesma projeção técnica e comercial que o distinguia dos reles mortais, no Brasil. Conviverá, enfim, em terra de gigantes. Precisará aprender a olhar sob nova perspectiva e adaptar-se rapidamente a um mundo em outras dimensões. Tudo isso aumentado pelas expectativas internacionais em relação a ser o mais novo astro brasileiro e do clamor cívico de uma nação inteira, as vésperas de uma Copa do Mundo tão almejada.

Neymar não terá espaço para improviso. Precisará superar-se rápido. Haverá de transitar de um futebol que perdeu o vigor para outro que se encontra na plenitude de sua exuberância. Os sacrifícios serão inevitáveis. Encarar a seriedade e o profissionalismo esportivo das terras de além mar implicará em abrir mão daquilo que tanto seduz o supercraque brasileiro na sua vida fora dos campos. Diante da Esfinge que o futuro lhe reserva, terá que decifrar os enigmas do maior desafio na sua trajetória no esporte. Ou então, deixar-se devorar. Quem sabe, por si mesmo ?

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Projeto de curso Esporte e Performance empreendedora

Elaboração do curso, em parceira com o Instituto Gênesis e PUC-Rio


http://aaapucrio.com.br/esporte-e-performance-empreendedora/